(Fonte:
ipcdigital.com)
Os
meios de comunicação japoneses difundem profundamente
que o número de turistas chineses cresceu quase 75% em
outubro, enquanto as grandes empresas aproveitam o aumento das
vendas impulsionado pela crescente demanda de visitantes do gigante
asiático.
No
entanto, existe uma outra realidade que envolve os cidadãos
chineses no Japão, que recebe apenas uma simples atenção
midiática. A Associated Press relata a história
de um jovem trabalhador cuja situação está
longe da de seus prósperos compatriotas que fazem turismo.
Entusiasmado
com a oportunidade de triplicar sua renda trabalhando durante
três anos no Japão, o jovem trabalhador Wang Zhi
Ming deixou seu país Natal, a China, depois de gastar 7.300
dólares para cobrir os custos de viagem e colocação.
A realidade que encontrou foi outra. Wang se alistou num programa
de capacitação para estrangeiros criado em 1993
que na prática pouco se parece com o que é proposto
no papel.
Wang
foi designado a uma grande loja de departamentos, onde tinha que
encher caixas com roupas, brinquedos e outros produtos. Seu chefe
se recusou a fornecer um contrato de trabalho por mês e
reteve seu salário.
Quando
o chinês e outros trabalhadores estrangeiros se queixaram
da situação, o empregador disse que se eles não
estavam satisfeitos com suas condições poderiam
ir embora. Wang afirma que não tinha outra opção
a não se ficar, pois precisava recuperar seu investimento
e não tinha moral para regressar à sua casa e contar
para sua família que não tinha os 40 mil dólares
que pretendia ganhar nos três anos de trabalho no Japão.
CONTROVERSO
PROGRAMA DE CAPACITAÇÃO
O programa
de capacitação e treinamento tem como objetivo teórico
melhorar a capacidade técnica de trabalhadores de países
como a China e Vietnã, mas na prática, se torna,
às vezes, uma fonte de mão-de-obra barata.
Oito
trabalhadores estrangeiros do mencionado programa, entrevistados
pela AP, garantem que foram enganados em relação
a remuneração,forçados a fazer horas extras
e pagar altas quantias de dinheiro pelo aluguel de alojamentos
em péssimas condições.
A história
de Wang coloca em evidência a precariedade trabalhista de
um mercado como o japonês que diante do envelhecimento da
população e a redução da força
de trabalho contrata estrangeiros a quem muitas vezes não
ofece condições mínimas de um emprego.
Shoichi
Ibusuki, um advogado que defende trabalhadores estrangeiros, declarou
a AP que o programa de treinamento é descrito como uma
forma de transferir tecnologia e reforçar o papel do Japão
como um país solidário, quando na realidade muitas
pessoas trabalham em condições de escravidão.
A situação de pessoas como Wang traz novamente à
tona a questão dos imigrantes estrangeiros.
REDUÇÃO
DA FORÇA DE TRABALHO
Algumas
vozes argumentam que o Japão deveria reconsiderar a sua
resistência à imigração, pois ela é
vital para a sua sobrevivência econômica. Um estudo
do governamento estima que a força de trabalho no Japão,
afetada pelo envelhecimento da população e baixa
taxa de natalidade, seria reduzida para 44 milhões no próximo
meio século.
Os
estrangeiros e imigrantes de primeira geração representam
menos de 2% da força de trabalho do país, média
distante dos 14,2% nos Estados Unidos e 11,7% na Alemanha, para
citar alguns exemplos.
Vários
setores, inclusive os sindicatos pedem que o controverso programa
de capacitação seja substituído por um sistema
formal de emprego para trabalhadores estrangeiros, com o propósito
de lidar com a escassez de mão-de-obra não-qualificada
e à relutância dos jovens japoneses a executar trabalhos
difíceis, sujos ou perigosos.
IMIGRAÇÃO
SERIA A SALVAÇÃO
Hidenori
Sakanaka, ex-chefe do Departamento de Imigração
de Tóquio, garante que o Japão precisa de
10 milhões de imigrantes nos próximos 50 anos, ou
a economia entrará em colapso.
"Essa
é realmente a nossa única salvação",
diz Sakanaka. "Nós devemos permitir (que os estrangeiros)
entrem no país assumindo que podem converter-se em residentes
do Japão. No entanto, é pouco provável
que isso ocorra num país onde a imigração
é percebida como uma ameaça a harmonia social, conforme
a AP.
Mais
de 20 anos atrás, o Japão começou a conceder
vistos especiais aos latino-americanos com ascedência japonesa,
mas muitos não puderam adaptar-se a terra de seus antepassados.
Além disso, após a eclosão da crise financeira
global em 2008, o país ofereceu-lhes dinheiro para que
retornassem aos seus países de origem.
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