Por
Kátia Sattomura / NippoBrasil
A inserção
no mercado de trabalho após longos anos de vivência
no Japão é uma das dificuldades enfrentadas por
ex-dekasseguis retornados ao Brasil. Para facilitar isso, um novo
projeto surge através dos jovens da Sociedade Brasileira
de Cultura Japonesa e de Assistência Social (Bunkyo), com
apoio do Consulado Geral do Japão em São Paulo.
"Projeto
Network" vem com a missão de aproximar empresas parceiras
dispostas a acolher ex-dekasseguis, tanto com emprego quanto com
auxílios psicológicos e administrativos.
O pontapé
inicial foi dado no último sábado, com participação
de apoiadores e de 64 ex-dekasseguis, de um total de 120 inscritos.
Palestras e dinâmicas em grupo foram realizadas ao longo
do dia.
Na
abertura dos trabalhos, o presidente interino do Bunkyo, Jorge
Yamashita - o presidente Renato Ishikawa está no Japão,
onde participou da cerimônia de entronização
do novo imperador, Naruhito - falou sobre "a complexa adaptação
(de brasileiros que trabalharam no Japão) no Brasil"
e do "momento de repensar o que é ser nikkei".
Em
seguida, o cônsul-geral adjunto Akira Kusunoki, que se diz
contra a palavra "dekassegui" pelo sentido pejorativo
de "caipira", citou os números expressivos de
brasileiros que vivem no Japão - atualmente, cerca de 200
mil, e 120 mil que já retornaram ao Brasil - e as dificuldades
enfrentadas, como a crise de identidade.
Por
isso, o Consulado Geral do Japão em São Paulo tomou
a iniciativa de chamar os jovens do Bunkyo para formatar um projeto
que atendesse a esse público de retornados, oferecendo-lhes
informações e oportunidades.
"Em
2020, serão 30 anos de imigração de brasileiros
ao Japão. É um começo de uma nova fase. Hoje,
a maioria deles tem visto permanente, tem casa própria
e não são mais dekasseguis. Mas os jovens que nasceram
no Japão enfrentam uma crise de identidade e, quem voltou,
problemas. Como solucionar isso e aproveitar as oportu-nidades?",
perguntou o cônsul.
Segundo
Marcelo Hideshima, vice-presidente do Bunkyo e coordenador do
projeto, a ideia é proporcionar aos ex-dekasseguis "ferramentas"
que os levem para o mercado de trabalho e para a sociedade brasileira.
"Contamos, inicialmente, com 10 empresas parceiras que vão
abrir vagas de emprego; voluntários para atendimento psicológico
e de RH; apoio da Secretaria Municipal de Direitos Humanos e Cidadania
de São Paulo, que vai oferecer aulas de português.
Temos disposição e vontade para isso funcionar.
A intenção é convergir tudo, construir juntos
e multiplicar isso em outras regiões, como aconteceu com
o FIB (Fórum de Integração Bunkyo), que este
ano chegou ao Rio de Janeiro e Porto Alegre", contou ele.
A expectativa,
portanto, é que mais para o ano que vem já haja
uma sala de atendimento do Projeto Network no Bunkyo e reuniões
periódicas.
No
sábado, um dos convidados presentes foi a dupla de youtubers
Maru e Jeru. As irmãs Marcely e Jéssica Tuzaki,
que juntas têm quase 1,5 milhão de seguidores, viveram
a infância no Japão, sofreram com a adaptação
no Brasil e deram a volta por cima ao conquistar a Internet.
"Vivemos
15 anos no Japão, de 1992 a 2009. Estudamos em escola japonesa
e, quando voltamos, não sabíamos português.
Aprendemos e, como passatempo, resolvemos fazer um blog e deu
certo. Somos de Paraguaçu Paulista, mas mudamos para São
Paulo. O nosso público é bem diversificado, de criança
a adulto. Falamos de várias coisas e também de cultura
japonesa. (Em um vídeo) apresentamos nato (soja fermentada),
por exemplo", disse Jeru.
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