Nippo- Brasil
- Entre tantos esportes, porque a escolha da fisioterapia especializada
para o tênis?
Ricardo Takahashi - Diversos fatores contribuíram para que
eu me direcionasse ao tênis. Adorava praticar esse esporte nas férias
na minha adolescência, mas tive que parar, devido aos estudos, que
exigiam mais tempo. No final da graduação de Fisioterapia,
como eu já havia decidido que queria trabalhar com esporte, fiz
meu Trabalho de Conclusão de Curso com tênis. Mesmo assim,
hoje, trabalho também com diversas modalidades esportivas, como
beisebol, softbol, golfe, etc.
Nippo -
Há quanto tempo o senhor é responsável pelos tratamentos
da equipe brasileira de tênis? Como definiria esse trabalho?
Ricardo - Acompanho a equipe desde 2002. Comecei como auxiliar de
um fisioterapeuta alemão que trabalhava para a equipe e, em 2005,
quando o Fernando Meligeni assumiu como capitão, passei a ser o
fisioterapeuta oficial. É um trabalho fascinante conviver com a
equipe, cuidar dos atletas e representar o país é indescritível...
Nippo
- Como é sua relação com os atletas? Quais são
as suas principais recomendações em relação
a eles?
Ricardo - Antes de mais nada, somos amigos. Alguns deles conheço
desde a categoria juvenil. Existe em nosso meio muito respeito profissional,
confiança no trabalho, e tudo isso contribui para que a tarefa
se torne mais fácil. A Copa Davis é a única competição
por equipes. Tenho contato com os atletas em alguns torneios, mas só
nos encontramos mesmo uma semana antes da competição, pouco
tempo para planejar um trabalho preventivo. Como viajamos com uma equipe
técnica reduzida (capitão, auxiliar técnico, fisioterapeuta,
atletas oficiais e suplentes), tenho que estar atento a tudo, ou seja,
antes de viajar, sempre converso com a nutricionista, o preparador físico
e também o psicólogo para ajudar ao máximo os jogadores.
Geralmente, cada um possui uma rotina pré e pós-partida
e os auxiliamos quando necessário.
Nippo -
O senhor é um dos sócios fundadores da Sociedade Nacional
de Fisioterapia Esportiva. Quais são as tarefas dessa entidade
no meio esportivo?
Ricardo - A maioria dos sócios trabalha com esportes, na área
acadêmica e na clínica/prática. Temos representantes
dos principais esportes profissionais. O objetivo da sociedade é
favorecer o intercâmbio de conhecimentos entre os sócios
por meio de cursos de profissionalização e, ao mesmo tempo,
dar base para as universidades na formação de cursos de
graduação e de pós-graduação na nossa
área de atuação. Para ser especialista pela Sonafe,
o profissional deverá cumprir uma série de condições,
entre elas ter dois anos de formado como mínimo e comprovação
de cursos de extensão universitária e de especialização,
assim como prática clínica na área da fisioterapia
esportiva.
Nippo -
O senhor também trabalha com acupuntura. O que lhe chamou a atenção
nessa arte oriental?
Ricardo - Na verdade, estou me especializando em acupuntura, termino
em breve. Sou um apaixonado pela cultura japonesa, a acupuntura começou
a ser mais aceita pela sociedade ocidental e, com um respaldo científico,
podemos utilizar a técnica com mais segurança. O que está
acontecendo é que essa arte milenar está passando por uma
adaptação à nossa cultura e, com isso, se tornará
mais popular e cada vez mais aceita pela sociedade.
Nippo -
A acupuntura auxilia nos tratamentos de fisioterapia? Em caso afirmativo,
de que forma?
Ricardo - A acupuntura é mais uma técnica que compõe
o meu tratamento. Não existe uma única técnica na
área da saúde, temos que respeitar a individualidade de
cada paciente e procurar a técnica à qual ele se adapte
melhor. No caso de esportistas, por exemplo, eles sempre procuram uma
resposta rápida para o tratamento e, para alguns casos, a acupuntura
responde muito bem. Estamos desenvolvendo um trabalho de prevenção
de lesão no esporte utilizando a fisioterapia com a acupuntura;
ainda está em fase de estudo, mas têm dado ótimos
resultados.
Nippo -
O senhor inclui alguma outra técnica oriental em seus atendimentos?
Em caso positivo, quais e por quê?
Ricardo - Antes de estudar fisioterapia, fiz um curso de técnicas
alternativas, como do-in, shiatsu, auriculoterapia, entre outros. Em minha
rotina atual, não costumo utilizar essas técnicas, mas também
não as descarto.
Nippo -
O trabalho do senhor na fisioterapia voltada ao tênis é tido
como uma referência pelos demais profissionais da sua área.
O que o senhor pensa em relação a esse prestígio
e como acredita que o conquistou?
Ricardo - Eu fico muito lisonjeado por isso. É o resultado
de um trabalho profissional, pois, na maioria das vezes, quem trabalha
com esporte está mais preocupado com ego do que com a própria
profissão. Trabalho com tênis há sete anos, acompanhei
os principais torneios de tênis do mundo, estudo muito a biomecânica
do esporte (ciência do movimento), que nos permite planejar um trabalho
de prevenção de lesão e praticar nas horas vagas.
Isso também ajuda muito a entender as necessidades do esportista.
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