(Fonte:
www.ipcdigital.com)
Japão
deve permitir a reentrada de nikkeis que retornaram ao seu país
com a Ajuda de Retorno, defendeu o jornal Asahi (Asahi Shimbum)
no editorial de sua edição de domingo, 22 de setembro,
que também criticou o governo por usar os nikkeis como um
"tampão" do mercado de trabalho.
Após
a grave crise de desemprego ocorrida após o colapso financeiro
do Lehman Brothers, o Japão criou em 2009, um programa para
fornecer 300 mil ienes (cerca de 3 mil dólares, na época)
para os estrangeiros que quisessem voltar ao seu país de
origem e, em troca, essas pessoas beneficiadas com a ajuda não
poderiam retornar ao arquipélago dentro de três anos
seguintes. O governo japonês havia prometido que até
o fim desse período de tempo reconsideraria as restrições
impostas à reentrada de acordo com as circunstâncias
da economia e do emprego no país.
"Já
se passaram os três anos desde que o governo propôs
um ponto de referência para reavaliar a restrição.
Então, será que o Japão não está
aproveitando abusivamente da regra do programa de retorno para ainda
impedir a reentrada dessas pessoas? questionou o editorial
de Asahi.
Programa
de Retorno separou várias famílias
Segundo
o jornal, o programa de Retorno recebeu críticas porque iria
incentivar a separação de famílias, entre as
pessoas que aceitariam a proposta e aqueles que ficariam para trabalhar.
Mais
de 21 mil pessoas aceitaram as condições do governo
japonês. Os brasileiros registraram o maior número
entre os retornados ao país de origem.
"Na
verdade, não foi permitida a reentrada de uma nikkei brasileira
que viveu no Japão por dez anos com seus pais e que depois
se casou com um rapaz brasileiro que mora no Japão. A razão
para a rejeição foi porque seus pais utilizaram a
ajuda de Retorno", escreveu o jornal Asahi.
É
a primeira vez que a imprensa japonesa se pronuncia sobre os termos
do Programa de Assistência de Retorno. Apenas há cerca
de uma semana atrás, um outro artigo sobre o mesmo tema foi
publicado no renomado jornal japonês Manichi.
Mas o
jornal Asahi foi mais fundo, porque defende sem rodeios, que a ajuda
de 300 mil ienes, significa um fardo moral sobre os ombros de quem
aceitou o dinheiro.
"Uma
das razões que piorou o desemprego entre os trabalhadores
nikkeis foi o fato de que a sociedade japonesa não fez esforços
suficientes para aceitá-los e integrá-los na sociedade."
acusa o diário Asahi.
Problemas
sociais como, falta de comunicação, falta de complementaridade
e alto índice de abandono escolar dos filhos de nikkeis,
denunciam as fraquezas da política de imigração
japonesa.
O jornal
observa que os efeitos da crise financeira do Lehman Brothers forçou
o governo japonês a tomar medidas tais como oferecer gratuitamente
cursos de japonês e capacitação profissional
para ajudar os nikkeis desempregados. O governo deve continuar
este tipo de apoio e permitir a reentrada daqueles que usaram a
Ajuda de Retorno, pois os trabalhadores nikkeis não devem
ser considerados como meras forças de trabalho, mas como
pessoas" escreveu Asahi.
"O
importante é aceitar o nikkei não como uma simples
mão de obra dekasegui, mas como residentes. Sem essa atitude,
o governo central não pode escapar das críticas que
dizem que o Japão está usando o nikkei como "tampão"
de ajuste da situação de trabalho no Japão,
o editorial conclui.
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