(Fotos:
Museu Histórico da Imigração Japonesa no Brasil)
No Vale
do Ribeira, no caminho de São Paulo para o Paraná,
em 1913, surgiu um dos primeiros núcleos de imigrantes, batizado
de Iguape, composto por Registro, Sete Barras e Katsura (Gipuvura).
Historicamente, o núcleo naquela região começou
a ganhar forma um ano antes, quando o governo do Estado e Ikutaro
Aoyagui, representante do Sindicato de Tóquio, uma empresa
paraestatal de colonização, assinaram um contrato
para a concessão de 50 mil hectares de terra.
Os imigrantes
japoneses começaram a colonização no Vale por
Gipuvura, local que mais tarde ganharia a denominação
de núcleo Katsura, em homenagem a Taro Katsura. No total,
30 famílias integraram o primeiro grupo, todas arrregimentadas
por Aoyagui na Rua Conde de Sarzedas, em São Paulo. Na maioria,
eram operários qualificados que, na época, trabalhavam
em uma fundição de ferro na capital. Alistaram-se
também carpinteiros, pedreiros, ex-comerciantes e ex-estudantes.
Pelo
acordo, cada família de imigrante ganhou da companhia colonizadora
um terreno de 15 mil metros quadrados e uma moradia. O colonizador,
por sua vez, plantaria arroz ou cana-de-açúcar (25%
da safra iria à empresa e o restante ficaria com o proprietário
da terra). O sucesso da colheita foi imediato, graças ao
trabalho conjunto das pessoas, o que funcionou como chamariz para
a chegada de novas levas de imigrantes japoneses à região.
Assim,
em 1913, um grupo de três funcionários da Companhia
de Colonização do Brasil foi reconhecer e analisar
as potencialidades do local que viria a se tornar o núcleo
Registro, proclamado independente de Iguape somente em 1945. Um
ano depois, já desembarcavam as três primeiras famílias
de imigrantes. Esses núcleos do Vale do Ribeira ganharam
fama e atraíram mais gente. O núcleo de Sete Barras,
com oito famílias, foi o último a surgir e tornou-se
independente de Registro em 1959.
Tamanho
sucesso pode ser dimensionado pelo número de imigrantes japoneses
no núcleo Iguape. Em 1917, já chegavam a 1.060 famílias,
totalizando 5.121 pessoas, a maioria em Registro. Ironicamente,
registros apontam apenas 462 famílias e 2.210 japoneses em
1931. A redução ocorreu porque a terra esgotou-se,
o café sofria um novo boom no interior do Estado e o algodão
começava a experimentar seu auge.
Mas quem
ficou na região não se arrependeu. No lugar do café,
o solo úmido favoreceu outras culturas. A cana e o arroz
continuaram sendo beneficiados, mas o cultivo do chá, trazido
em 1919 por Torazo Okamoto, ganha destaque.
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