Cultivo
da pimenta do reino: diamante negro
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(Fotos:
Museu Histórico da Imigração Japonesa no Brasil)
Os japoneses
há muitos anos demonstravam interesse na região amazônica,
mas as negociações começam a se efetivar em
1925 quando o governador do Pará, Dionísio Bentes,
recebeu a visita dos representantes da indústria de tecidos
Kanebo (Kanegafuchi Boseki Kabushi Kaisha). No ano seguinte, chefiada
por Hachiro Fukuhara (diretor da Kanebo) e mais oito técnicos,
uma missão percorreu o interior buscando terras para a exploração
econômica.
Em 1928,
uma missão do Ministério das Relações
Exteriores selecionou uma área de 300 mil hectares próxima
a Maués. Em 1930, Tsukasa Uyetsuka, deputado e conselheiro
do Ministério das Finanças do Japão, comprou
1,5 mil hectares em Parintins e instalou o Instituto Amazônia
(Amazônia Kenkyujyo) com o objetivo de desenvolver pesquisas
para apoiar as atividades agrícolas.
O instituto,
em Parintins, desde 1931 estava recebendo levas sucessivas de jovens
formados na Escola Superior de Colonização do Japão
(Nihon Koto Takushoku Gakko), criada por Uyetsuka para formar especialistas
no trabalho de colonização. Até 1938 a escola
enviou oito turmas cerca de 248 estudantes (conhecidos como
kotakusseis) e seis famílias para o Amazonas.
Além
desse empreendimento, em Maués, em 1928, Kosaku Oishi fundou
a Companhia de Fomento Industrial do Amazonas S/A (Amazon Kogyo
Kabushiki Kaisha) com a finalidade de cultivar o guaraná.
Até 1931 introduziu dezenas de famílias de colonos,
mas se defrontaram com escassez de capital e outras dificuldades.
Em 1940 ela foi incorporada à Cia. Industrial da Amazônia.
Cada
um empresários, capitalistas, nacionalistas e imigrantes
japoneses carregando seu sonho de sucesso desembarcou disposto
a conquistar a Amazônia. No Pará, em Acará (atual
Tomé-Açu), de 1929 até 1937 chegaram 2,1 mil
pessoas. Em Monte Alegre, formou-se outro núcleo com 30 pessoas.
No Amazonas, em Parintins, até 1937 chegaram 248 jovens estudantes
e mais 150 famílias de imigrantes. Em Maués, nasceu
outro núcleo com dezenas de famílias para o cultivo
do guaraná.
No Pará,
a Cia de Colonização da América Latina (Nantaku)
pretendia cultivar o cacau, que acabou se inviabilizando. Em 1935,
ao se retirar de Tomé-Açu, foram fechadas as estações
experimentais de Açaizal, Monte Alegre e Castanhal. Ocorreram
também os esforços para a introdução
das hortaliças em Belém.
A pimenta-do-reino,
a segunda alternativa depois do cacau, somente se tornou promissora
em 1946, quando o quilo do produto subiu de 5 mil réis para
100 mil réis. A redenção da colonização
japonesa foi possível graças a Makinossuke Ussui,
representante da Nantaku, que, em 1933, ao desembarcar em Cingapura,
pegou 20 mudas de pimenta-do-reino.
Elas
foram plantadas na estação experimental em Tomé-Açu,
mas, quando a Nantaku encerrou as atividades, Tomoji Kato e Enji
Saito transportaram as mudas remanescentes para os seus lotes e
foram os pioneiros no cultivo da pimenta asiática. Delas,
originaram as estacas que se multiplicaram ao longo dos anos, espalhando-se
pela região para se transformar no diamante negro
da Amazônia.
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