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Corvina: uma pesca muito especial

De acordo com pescadores nikkeis, lugares ideais para pegar a corvina são sempre as partes mais fundas dos rios


ATENÇÃO - Cardumes ficam próximos aos cones da hidrovia

 

DICAS - Ysuo Matuda: corvinas são mais fáceis de serem pescadas no período das enchentes

Arquivo NB / Antônio José do Carmo*

A corvina introduzida há mais de três décadas nos lagos hidrelétricos é um dos peixes mais cobiçados atualmente pelos turistas. Mas quem deseja ser bem sucedido na pesca dessa espécie, precisa tomar muitos cuidados especiais e dispor de orientação tecnológica que vai da isca ao uso de radar e satélite.

No lago de Três Irmãos, em Pereira Barreto, interior de São Paulo, os mais antigos pescadores profissionais e amadores, decidiram contar um pouco dos segredos da experiência obtida ao longo dos anos de observação e prática da pesca dessa espécie considerada exótica para o Rio Tietê, mas que acabou se aclimatando e principalmente, conseguindo o equilíbrio com outras espécies predadoras que vivem no mesmo habitat, como a piranha e o tucunaré.

Ysuo Matuda, de Pereira Barreto, cercada por águas dos rios Tietê e São José dos Dourados, acumulou nos últimos 20 anos, algumas dicas para uma boa pescaria da corvina. Segundo ele, a primeira preocupação é quanto ao tamanho das corvinas que podem ser retiradas da água. O Instituto Brasileiro de Defesa do Meio Ambiente (Ibama) só autoriza as que medirem acima de 25 centímetros.

Durante o período da piracema, a cota de cada pescador é de 5 kg mais um exemplar. Fora desse período as quantidades dobram. Matuda explica que no início do período das enchentes, quanto o rio começa ficar com a água suja, por volta de outubro e novembro, as corvinas são mais fáceis de serem localizadas. Este ano, no entanto, ele diz que a temporada das corvinas não ocorreu como se esperava porque a chuva veio com atraso. Mesmo assim, é possível pegar corvinas o ano todo, como ele explica.

O lugar ideal para pegar corvinas é sempre as partes mais fundas do rio. Para isso o pescador deve estar sempre embarcado em botes ou lanchas. O veículo deve ser dotado de radar, que mede a profundidade da água, e até um equipamento de localização por satélite, para definir exatamente o ponto onde se deve estacionar para proceder a pescaria.

Os cardumes de corvinas se localizam próximos aos cones sinalizadores da hidrovia. Os motivos são: bastante profundidade e concentração de camarões de água doce, que vivem agarrados às cordas que prendem as bóias no leito do rio. Esses camarões, também usados como iscas, ficam presos a galhos e outros restos de vegetações, que ficaram submersas com a inundação hidrelétrica.

O agrônomo Alberto Kenji Seki, pescador de fim de semana, diz que as corvinas pesam de 4 kg a 8 kg. Mas já capturou uma com 9,4 kg. Ele diz que o melhor horário para a pescaria é pela manhã, a partir das 6 horas. A isca preferida para grandes exemplares é o lambari, ainda vivo.

O grande problema, segundo Kenji, são as capturas em profundidades superiores a 17 metros. Quase sempre as corvinas chegam até a superfície com parte das vísceras vomitadas. Menos de 10% dos pequenos exemplares sobrevivem à descompressão e morrem. Isso evita, por exemplo, que se pratique o pesque e solte com essa espécie. Algumas pescarias ocorrem a mais de 30 metros de profundidade.

 

A grande pescaria


HISTÓRIA - Anzai, Uako e Tirikura: pescaria inédita

No ano de 1997, um trio de pescadores registrou a marca histórica da captura de 21 exemplares de corvinas em apenas duas horas de pescaria. Bem, o tempo não foi possível documentar, mas a data e a foto não deixam mentir. Os peixes somaram 88 kg e foram pegos a uma profundidade de apenas 3 metros.

A pescaria incrível foi feita por Jorge Anzai, de Belo Horizonte, Tadashi Uako, de Pereira Barreto, e Humberto Tirikura, de São Paulo. Tadaski diz que a curiosidade maior foi registrar a fartura de peixes, não apenas naquele dia, mas durante dois meses. No mesmo ponto do rio, o cardume sempre era localizado. As demais pescarias não acumularam tantos peixes, mas renderam grandes exemplares com até 7 kg cada um.O fazendeiro Tsuneo Tanaka afirma que a corvina tem um outro problema sério: a resistência após a captura.

Segundo ele, é preciso tomar muito cuidado, pois, em apenas duas horas, a corvina poderá se estragar.

Para que isso não ocorra a única alternativa é ter no barco um recipiente com gelo para manter o peixe em temperatura próxima dos 3 graus centígrados.


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