MONTE
CASTELO - A pesca no Rio Aguapeí, também chamado
de Rio Feio, é mais farta quando ele se aproxima do Rio
Paraná, onde deságua. Em São João
do Pau D´Alho, a menos de 30 km de sua foz, estão
ocorrendo, nessa época, a presença de pintados.
A
Polícia Ambiental do Estado de São Paulo informou
aos pescadores que, a partir deste mês, o limite para
se levar um pintado do rio é que ele tenha pelo menos
90 centímetros, e não 80 centímetros, como
vinha ocorrendo. Essa espécie é considerada nobre
na culinária pesqueira do Centro-Sul do Brasil. Sua forma
de pesca é estática, com linhada com anzol grande,
à média profundidade. A isca é sempre um
pedaço de outro peixe qualquer.
Mas
além de pacus e pintados, bicudas e mandis, jurupocas
e piauçús, o pescador encontra no Rio Aguapeí
muita beleza natural. Nele, qualquer pescaria malsucedida jamais
significa frustração, porque o Aguapeí,
embora pouco explorado em termos de infra-estrutura receptiva
para turistas, ainda é o único de grande porte
no Estado que não sofreu o impacto da exploração
hidrelétrica.
No
município de Monte Castelo, 50 km antes do Aguapeí
desembocar, Tsuo Kuroishi passou a maior parte dos seus 70 anos
freqüentando assiduamente o Rio Feio. Ele explica que esse
nome ocorreu por causa das características assombrosas
que provocam medo aos visitantes do lugar. Além disso,
suas águas sempre foram turvas.
Ao
contrário do Tietê, no Aguapeí não
existe exploração imobiliária de suas margens.
A única infra-estrutura hoteleira que existe está
entre Lucélia e Valparaíso, num lugar chamado
Salto do Botelho. Na semana passada, apesar da baixa temperatura,
não muito recomendada para pescarias, o comerciante Cândido
Botacim foi até proximidades da ponte da SP-563 (Rodovia
Euclides de Oliveira Figueiredo) sobre o Rio Aguapeí,
para fazer algumas tentativas de captura. Ele explica que, naquele
local, ocorrem espécies como jurupoca com até
5 kg, piauçús de 4 kg e bicudas de 6 kg.
A
principal isca é a minhoca e não há necessidade
de usar embarcação. Com linha, vara, anzol e carretilha,
a tralha está completa. Naquele dia, ocorreram apenas
alguns piaus. Mas para Botacim, o que realmente importa é
a caminhada pela trilha marginal ao rio, onde a mata com grandes
ingazeiros e grãos-de-galo serve de proteção
para o barranco e também de alimento para os peixes.
(*Especial para o NB)
Mudanças de leito
Mário Onishi, aos 62 anos, ainda preserva o costume de
pescar como lazer no Rio Aguapeí. Hoje, ele admite que
a natureza é mais gratificante que a pescaria, especialmente
em Monte Castelo.
Onishi
disse que os peixes estão sumindo e até morrendo
por causa da atividade agrícola que, nos últimos
dez anos, tomou conta das margens do Aguapeí, sem obedecer
às técnicas de conservação do solo.
Hoje, o melhor ponto de pesca do Rio Feio é perto
do Rio Paraná, porque é nesse trecho que o rio
permanece mais fundo, pois, nos demais pontos, ele está
assoreado e é possível caminhar de um lado para
o outro, passando sobre os bancos de areia que invadiram o seu
leito, disse.
O
Rio Aguapeí, divisor das regiões Paulista e Noroeste,
nasce em Gália, no centro do Estado de São Paulo,
e passa por 42 municípios até chegar desaguar
no Rio Paraná. Se o seu percurso fosse em linha reta,
seria de 300 km, mas, como ele é um rio sinuoso, essa
distância aumenta para mais de mil km.