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Rio Aguapeí: pescaria com muita beleza

Também chamado de Rio Feio, ali é possível fisgar pacus,
pintados, mandis, piauçús e jurupocas


BELEZA - Kuroishi (destaque), de Monte Castelo, é freqüentador assíduo do Rio Aguapeí

 

Arquivo / Jornal NippoBrasil / Antônio José do Carmo* / Divulgação

MONTE CASTELO - A pesca no Rio Aguapeí, também chamado de Rio Feio, é mais farta quando ele se aproxima do Rio Paraná, onde deságua. Em São João do Pau D´Alho, a menos de 30 km de sua foz, estão ocorrendo, nessa época, a presença de pintados.

A Polícia Ambiental do Estado de São Paulo informou aos pescadores que, a partir deste mês, o limite para se levar um pintado do rio é que ele tenha pelo menos 90 centímetros, e não 80 centímetros, como vinha ocorrendo. Essa espécie é considerada nobre na culinária pesqueira do Centro-Sul do Brasil. Sua forma de pesca é estática, com linhada com anzol grande, à média profundidade. A isca é sempre um pedaço de outro peixe qualquer.

Mas além de pacus e pintados, bicudas e mandis, jurupocas e piauçús, o pescador encontra no Rio Aguapeí muita beleza natural. Nele, qualquer pescaria malsucedida jamais significa frustração, porque o Aguapeí, embora pouco explorado em termos de infra-estrutura receptiva para turistas, ainda é o único de grande porte no Estado que não sofreu o impacto da exploração hidrelétrica.

No município de Monte Castelo, 50 km antes do Aguapeí desembocar, Tsuo Kuroishi passou a maior parte dos seus 70 anos freqüentando assiduamente o Rio Feio. Ele explica que esse nome ocorreu por causa das características assombrosas que provocam medo aos visitantes do lugar. Além disso, suas águas sempre foram turvas.

Ao contrário do Tietê, no Aguapeí não existe exploração imobiliária de suas margens. A única infra-estrutura hoteleira que existe está entre Lucélia e Valparaíso, num lugar chamado Salto do Botelho. Na semana passada, apesar da baixa temperatura, não muito recomendada para pescarias, o comerciante Cândido Botacim foi até proximidades da ponte da SP-563 (Rodovia Euclides de Oliveira Figueiredo) sobre o Rio Aguapeí, para fazer algumas tentativas de captura. Ele explica que, naquele local, ocorrem espécies como jurupoca com até 5 kg, piauçús de 4 kg e bicudas de 6 kg.

A principal isca é a minhoca e não há necessidade de usar embarcação. Com linha, vara, anzol e carretilha, a tralha está completa. Naquele dia, ocorreram apenas alguns piaus. Mas para Botacim, o que realmente importa é a caminhada pela trilha marginal ao rio, onde a mata com grandes ingazeiros e grãos-de-galo serve de proteção para o barranco e também de alimento para os peixes. (*Especial para o NB)

Mudanças de leito

Mário Onishi, aos 62 anos, ainda preserva o costume de pescar como lazer no Rio Aguapeí. Hoje, ele admite que a natureza é mais gratificante que a pescaria, especialmente em Monte Castelo.

Onishi disse que os peixes estão sumindo e até morrendo por causa da atividade agrícola que, nos últimos dez anos, tomou conta das margens do Aguapeí, sem obedecer às técnicas de conservação do solo. “Hoje, o melhor ponto de pesca do Rio Feio é perto do Rio Paraná, porque é nesse trecho que o rio permanece mais fundo, pois, nos demais pontos, ele está assoreado e é possível caminhar de um lado para o outro, passando sobre os bancos de areia que invadiram o seu leito”, disse.

O Rio Aguapeí, divisor das regiões Paulista e Noroeste, nasce em Gália, no centro do Estado de São Paulo, e passa por 42 municípios até chegar desaguar no Rio Paraná. Se o seu percurso fosse em linha reta, seria de 300 km, mas, como ele é um rio sinuoso, essa distância aumenta para mais de mil km.


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