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Caderno Pesca

Tucunaré, problema ou solução?
Espécie é boa alternativa de repovoamento de peixes; entretanto, há polêmicas sobre sua ação predadora
Espécie é favorecida pelas condições de sobrevivência oferecidas pelas represas, proliferando-se facilmente

(Texto: Ilton T. Nomura /Fotos: Arquivo Pessoal)

O tucunaré é um peixe originário das bacias Amazônica e do Araguaia-Tocantins e que invadiu a região centro-sul do país, hoje, presente em todo o Brasil. Pode-se dizer que existem mais de 15 espécies catalogadas, das quais o Açu, o Paca, o Azul, o Amarelo, o Borboleta e o Fogo são as mais conhecidas.

Com facilidade de adaptação em lagos e represas de águas tropicais com temperatura entre 20 e 28 graus, o tucunaré foi visto como uma das boas alternativas de repovoamento de peixes, principalmente nos rios, onde foram construídas barragens hidrelétricas, como os da bacia do Rio Paraná, onde encontramos as espécies azul e amarelo, atingindo cerca de 5 kg de peso máximo.

Nessas regiões, muitos peixes de piracema acabaram tendo o seu processo reprodutivo alterado, ou não conseguem mais desovar, fazendo com que a perpetuação de suas espécies fique comprometida.

As companhias que administram as usinas repovoam com peixes nativos esses lagos, a fim de reparar os danos causados, mas a pesca desses espécimes mudou muito nesse novo hábitat de águas paradas – a represa – e oferece melhores condições de sobrevivência a outros espécimes de peixe, como o tucunaré, a traíra, a corvina e o apaiari.

Nesse cenário, o tucunaré encontrou condições para se desenvolver e proliferar e, quando adulto, não encontra predadores senão o homem. Isso faz com que a sua população aumente e surjam polêmicas sobre o peixe e sua ação predadora.

O Vilão

Animal é alvo de críticas pela diminuição da pesca de outros peixes

Muitos pescadores locais culpam o tucunaré pela diminuição na pesca de outras espécies, como o dourado, a piapara, a piracanjuba entre outros peixes, porém lembramos que a principal vilã da diminuição dos estoques de pesca é a própria construção da barragem, que gerou mudanças no rio e no antigo hábitat desses espécimes.

Além disso, quem conhece o mínimo de pesca sabe que essas espécies dificilmente dividem o mesmo espaço na água.

Portanto, acredito que o tucunaré tenha vingado graças ao novo hábitat proporcionado pela construção da barragem hidrelétrica que represou o rio e, hoje, é uma boa solução para manter a represa com vida e a população ribeirinha com alimento abundante e de boa qualidade, pois sua carne é nobre e saudável.

O impacto ambiental causado pelo represamento do rio é muito complicado de ser amenizado e, muitas vezes, é mais fácil apresentar um culpado – o tucunaré – do que realizar os esforços necessários para equilibrar a fauna local novamente.

A própria legislação não prevê a proteção do peixe no período de defeso nas localidades de onde não é nativo, o que é uma verdadeira aberração, pois o tucunaré é responsável por grande parte da movimentação financeira das cidades que cercam essas represas.


Serviço:
Ilton Toshio Nomura é pescador esportivo, atua no ramo da pesca há 11 anos e dá assessoria técnica para pescadores iniciantes. Email: ilton@tucuna.com.br Site: www.tucuna.com.br
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