(Fotos:
ONTJ)
Com
3.776 metros, o Monte Fuji (ou Fujisan) é o ponto mais
alto do Japão. Situa-se no centro de Honshu, na província
de Shizuoka (entre Tóquio e Kyoto), uma região que
resume os contrastes do Japão atual, pois possui as maiores
cidades do país na faixa costeira, e conserva, no interior,
os estilos de vida rural tr adicional.
Com
seu cume coberto de neve e imerso em nuvens baixas, o monte é
originário de um vulcão inativo desde 1707. Suas
encostas mais altas são formadas por cinzas vulcânicas
soltas, sem vegetação ou rios. Há pouco mais
de 100 anos, o Fuji era considerado sagrado, e somente monges
e peregrinos podiam subi-lo; as mulheres só foram autorizadas
em 1872.
Em
seu sopé, há os Cinco Lagos Fuji, que oferecem instalações
de esporte e parques de diversão, e opções
diversas de turismo e lazer. O Lago Motosu é o mais profundo
(está retratado nas notas de 5 mil ienes); o Shoji é
o menor, e muito procurado para pescarias; o Sai é o menos
deteriorado dos lagos e proporciona bela vista do monte Fuji;
o Kawaguchi é de mais fácil acesso e constitui uma
espécie de centro comercial, e finalmente o Yamanaka, muito
procurado para a prática de esqui aquático e natação.
Nos
arredores do Fuji, além dos lagos, há belos lugares
que devem ser visitados, como a Caverna de Vento Fugaku, a Caverna
de Gelo Narusawa, o Mar de Árvores (uma antiga floresta,
famosa porque nela muitos se perdem), o Fuji-Yoshida (uma tradicional
base de peregrinos, com pousadas e cachoeiras para oração
antes da subida) e o Sengen Jinja, um dos principais santuários
da região, dedicado à divindade da montanha.
O cume
da montanha é, na verdade, a borda da cratera do vulcão,
e seu circuito leva quase uma hora. Para chegar lá, há
diversas opções de trilhas, que estão divididas
em 10 estágios. Os alpinistas costumam partir do quinto
estágio. As principais trilhas são a Subashiri,
a Gotemba, a Fujinomiya e a Kawaguchi-ko, que leva cinco horas
para a subida, e divide o caminho com a trilha Yoshida.
Importante
O
monte está aberto para escaladas somente em julho e agosto,
e as trilhas e pousadas são bem concorridas nos fins de
semana. A subida é difícil, pois as cinzas vulcânicas
se deslocam sob os pés como se fossem areia. A partir do
oitavo estágio, o visitante pode sofrer do Mal das Montanhas
(náuseas e dores de cabeça), causado pelo ar rarefeito
da altas altitudes. Nesses casos, recomenda-se que se desça
imediatamente. O alto do cume é bem frio, e a exposição
ao sol pode ser nociva.
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Sua
forma quase simétrica, a mudança de aspecto nas
diferentes estações e horas do dia e sua predominância
sobre a paisagem fizeram do Monte Fuji um símbolo do Japão,
dentro e fora do país. Curioso e belo para turistas e aventureiros
e sagrado para religiosos, o monte é também uma
requisitada fonte de inspiração para diversos artistas.
Foi representado em xilogravuras do século 19, como as
de Hokusai (1790-1849) e Hiroshige (1797-1858), que publicaram
as tradicionais séries denominadas Trinta e Seis vistas
do Monte Fuji. A montanha, em geral, aparece no fundo das gravuras
da área central de Tóquio. Em outras artes, aparece
em motivos decorativos, como em quimonos, entalhes de madeira
e até na forma de molduras de janela.
Fonte:
Guia Visual Folha de São Paulo - Japão
EU
ESTIVE LÁ... E RECOMENDO
Escalar o Monte Fuji é uma oportunidade que todos
deveriam experimentar. É, além de um desafio físico,
um desafio psicológico. As suas trilhas, em ziguezagues
irregulares, sofrendo influências da natureza (como chuva,
vento, queda e aumento de temperatura, ar rarefeito devido à
altitude e o próprio terreno cheio de pedras vulcânicas,
com seus aclives e declives), fazem com que o topo da montanha
pareça um objetivo inalcançável. Fora o cansaço,
tem as bolhas nos pés, os joelhos que teimam em dobrar
sozinhos, a mochila que pesa uma arroba mesmo quase vazia e a
sensação de que não se chega nunca... Levei
mais de 8 horas para conseguir chegar até a última
estação (a cada tantos metros, não me lembro
bem ao certo, existe uma estação estrategicamente
instalada para dar abrigo e descanso aos aventureiros). E quando
se chega na última, antes do topo, o cansaço é
tanto que os últimos metros parecem uma eternidade. Mas
quando se chega lá em cima, quando se escuta as pessoas
gritando como forma de aliviar o seu cansaço e ainda mais
quando se vê o sol nascendo naquele horizonte de nuvens...
Por alguns minutos, o cansaço vai embora e a única
sensação que temos é a de sermos os donos
do mundo. Não tem explicação!
Júlia Shizue Ando (Hamamatsu, Japão)
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