Saga cristã
Loja matriz da fabricante de castela Fukusa-ya, que foi fundada
em 1624
Em 1549, iníciou-se
a saga do cristianismo no Japão. Com a permissão
dos senhores feudais da parte sul do país, que estavam
interessados na visitação do navio português
que anualmente chegava trazendo mercadorias, tecnologia e novidades
do ocidente, os missionários jesuítas puderam ali
exercer suas pregações. Dois senhores feudais de
regiões localizadas dentro da atual província de
Nagasaki, um do clã Omura e o outro do Arima, chegaram
a se converter à religião cristã.
Todavia, em
1587, ela foi proibida em todo o Japão e dez anos depois,
seis missionários estrangeiros e vinte cristãos
japoneses foram mortos em Nagasaki, como represália ao
não cumprimento das ordens. No local do sacrifício,
hoje existe um famoso monumento dedicado aos mártires,
chamado Nihon 26 Seijin Junkyochi, que foi registrado em 1950,
pelo Vaticano, como ponto oficial de romaria. Fica a cinco minutos
a pé da Estação Nagasaki, da JR. Ao lado
do monumento tem um museu sobre os mártires.
Mas foi pior
para os católicos a ascensão de Ieyasu Tokugawa
ao comando do país. No ano de 1614, foi decretada a expulsão
de todos missionários cristãos do Japão.
A partir de então o cristianismo se transformou em uma
religião secreta, praticada apenas pelos chamados kakure
kirishitan (cristãos escondidos).
No período
Meiji (1868~1912), voltou a liberdade de crença e várias
igrejas foram erguidas no país. Na cidade de Nagasaki duas
se destacam como importantes pontos turísticos. A Ooura
Tenshudoo (Igreja Católica Ooura) foi construída,
em 1864, por um padre francês. É a igreja feita em
madeira mais antiga do Japão, registrada como Tesouro Nacional.
Ela fica aberta diariamente das 8h às 18h. A entrada custa
¥ 250. Fica a cinco minutos a pé da parada de bonde
Oura Tenshudoo Shita.
A Ura Kami
Tenshudoo (Igreja Católica de Ura) foi inaugurada em 1914
pelos cristãos ocultos japoneses. Ela era de estilo romanesco
mas foi destruída pela bomba atômica e reconstruída
em 1959. Fica aberta das 9h às 17h e encontra-se a dez
minutos a pé da parada de bonde Matsuyama-machi.
Ilha Dejima
O bolo castela é o suvenir mais famoso de Nagasaki
Alojamento do capitão na ilha Dejima: mescla de estilos
Em 1639,
os comerciantes portugueses também foram proibidos de acercar-se
do Japão, sendo-lhes fechando o porto da ilha de Dejima,
em Nagasaki, único local onde ainda era permitido permanecerem.
A ilha Dejima
foi feita através do aterramento de uma área do
tamanho de um campo de futebol na baía de Nagasaki para
confinar os estrangeiros, impedindo o acesso deles em outras partes
do território japonês, e somente ali praticar os
negócios de importação e exportação.
Em 1641, os
holandeses passaram a ocupar a ilha Dejima, assumindo completamente
o comércio entre o Japão e o ocidente.
A cidade de
Nagasaki foi sendo ampliada através do aterramento do mar
e a ilha foi incorporada. A mesma área que antes era a
ilha Dejima está sendo transformada em museu a céu
aberto. Um projeto governamental vem reconstruindo as edificações
nos mesmos moldes de antigamente. Entre eles, já se pode
visitar a reconstituição do alojamento do capitão
holandês e dois museus que contam a história da presença
dos ocidentais em Nagasaki e expõem objetos encontrados
em escavações no solo de Dejima.
Ela fica no
centro da cidade, entre frente a parada de bonde Dejima,
bem próximo do bairro chinês. Permanece aberta diariamente
das 9h às 16h40 (de 20 de julho a 9 de outubro fica até
18h40). Tel. (095) 821-7200.
Heranças
lusitanas
Os portugueses
foram os primeiros europeus a pisarem em território japonês
e durante décadas foram o elo de intercâmbio entre
este país e o ocidente. Tão importante relacionamento
não poderia deixar de legar muitas heranças que
foram absorvidas e sobreviveram ao tempo.
Em Nagasaki
está a mais antiga ponte de pedra do Japão, construída
sobre o rio Nakajima, em 1634, com técnicas aprendidas
dos portugueses. Ela é chamada de Megane-bashi (Ponte óculos)
e é muito visitada pelos turistas. Fica a três minutos
a pé da parada de bonde Nigiwai-bashi.
A herança
lusitana mais célebre de Nagasaki é o bolo castela
(pão-de-ló). Na cidade existem vários fabricantes
desse doce, mas a considerada mais tradicional é a Fukusa-ya,
que foi fundada em 1624. O primeiro dono aprendeu a fazer diretamente
com os portugueses e a receita foi sendo passada aos descendentes,
atualmente na décima quinta geração.
A loja matriz
de Fukusa-ya fica dois minutos a pé da parada de bonde
Shian-bashi.
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