Animal tem expectativa de vida longa, que varia entre 70 e 90 anos |
(Reportagem:
Suzana Sakai | Foto: Divulgação)
Conhecido
como o pássaro que fala, o papagaio é um animal
silvestre que requer muitos cuidados. A cautela não se deve exclusivamente
à distância do habitat natural, mas principalmente a uma
característica da espécie um tanto desconhecida: a de ser
monogâmico, ou seja, de viver em casal a vida toda. Ele necessita
de atenção do proprietário por algumas horas por
dia, conversando e fazendo carinho para que ele se sinta bem. Ele não
pode simplesmente ficar numa gaiola no canto de casa, orienta o
veterinário Lauro Leite.
Na
hora de adquirir um papagaio, as pessoas devem ter em mente que o animal
tem uma expectativa de vida longa, que varia de 70 a 90 anos. Além
disso, os proprietários devem se certificar se estão adquirindo
um animal legalizado, exigindo a nota fiscal, com a identificação
da ave e o registro do comerciante no Instituto Brasileiro do Meio Ambiente
e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama).
De
olho na alimentação
Engana-se
quem acredita que o melhor alimento para o papagaio é a semente
de girassol. Apesar de ser apontada como a principal fonte de alimentação
das aves, o produto é muito gorduroso e pode ser comparado ao chocolate.
Atendo dezenas de papagaios, todos os anos, papagaios ainda jovens,
por volta de 10-15 anos, com insuficiência hepática causada
por excesso de gorduras na alimentação; muitos desses animais
não conseguem ser salvos, mas poderiam ter outro destino, se os
proprietários soubessem qual a alimentação correta
para eles. Comparo girassol ao pastel ou ao chocolate: é gostoso,
então o animal tem até prazer ao comer, porém faz
muito mal à saúde. Imagine uma criança que se alimente
só de chocolate e você saberá porque um papagaio após
10-15 anos de alimentação com girassol vem a óbito
por problemas no fígado, afirma Lauro.
O ideal é
oferecer à ave uma ração extrusada, ou
seja, semelhante as rações de cães e gatos. As melhores
marcas devem ser indicadas pelo seu próprio veterinário.
Além da ração, deve-se oferecer frutas (exceto abacate,
que também é gorduroso), verduras escuras e legumes (exceto
batata, que também é muito calórico). Em dias alternados,
pode-se oferecer milho verde em rodelas ou queijo branco.
No
dia-a-dia
Além
do carinho e da alimentação especial, o proprietário
deve garantir ao papagaio um ambiente calmo para o descanso. Ambientes
muito barulhentos, podem desencadear distúrbios comportamentais
em papagaios, podendo inclusive levá-los a se autotraumatizar,
arrancando suas penas, alerta o veterinário.
O animal também
não pode ficar sujeito a extremos de temperatura e correntes de
vento, pois é muito suscetível a infecções
respiratórias.
A higiene não
exige muitos cuidados, já que a ave se limpa sozinha. O dono pode
borrifar água para ajudar o papagaio a retirar as sujeiras mais
grossas. A gaiola deve ser forrada com jornal ou papel branco sem tinta,
que devem ser trocados todos os dias.
|
Um alerta
importante aos proprietários de papagaios é nunca deixar
os animais com os pés presos a correntes, pois estes, ao tentar
voar, sofrem um tranco, e este tranco pode ser responsável por
uma fratura na perna do animal. O procedimento correto é o corte
das asas, que deve ser realizado por um veterinário especializado
em aves. O especialista irá cortar apenas as penas secas e de uma
das asas com o intuito de desequilibrar o vôo do pássaro.
A tentativa
de cortar as asas em casa pode machucar os animais, principalmente se
os donos cortarem as penas em crescimento, o que irá doer e sangrar
muito.
|