Atualmente,
podemos perceber um aumento na quantidade de indivíduos que vivem
seu dia-a-dia regrados por sensores de perdas e ganhos. Há
pais que inscrevem seus filhos em cursos extra-curriculares e aulas de
reforço, com argumentos tais como: ... se não estudar
bastante agora, não vai entrar numa boa universidade e não
vai conseguir emprego numa empresa de primeira.... Esta forma de
pensamento é baseada no simples julgamento de ganhos e perdas,
de méritos e deméritos, no qual se busca não ter
perda, ao mesmo tempo em que se busca ganhar.
Numa sociedade
que valoriza o ganho, as pessoas tendem a estar em constante rivalidade
com o próximo, considerando que perder seja uma desvantagem ou
um prejuízo e, desta forma, vão suportando e acumulando
ofensas deixando-se tomar por um complexo de inferioridade até
o momento em que explodem e perdem o total controle de seus atos. Por
este motivo, as pessoas ficam condicionadas a pensar que necessitam sempre
ganhar e, conseqüentemente, encontram-se em constante estado de irritação
e inquietação. Podemos observar que crimes de diversas naturezas
são cometidos com base no cálculo de ganhos e perdas calcados
num otimismo ilusório de que, mesmo que fatos incriminativos venham
à tona, sempre se dá um jeito.
Como mencionado
no início, até há pouco tempo, o ingresso a uma boa
universidade e um emprego numa empresa de grande porte eram garantias.
No entanto, a corrupção e a decadência moral dos valores
da sociedade nos fazem defrontar com situações irremediáveis
e somos levados a crer que não se pode ter garantia nem mesmo de
um bom emprego.
Ludibriar ou
dizer uma mentira, por menor que ela seja, pode ser um meio para se obter
lucro; no entanto, não há sensação
melhor que ser íntegro e verdadeiro para si mesmo, ainda que se
tenha prejuízo. Ter uma religião ou uma doutrina
a seguir é poder viver pura e simplesmente com os sensores
de ganhos e perdas desligados.
Diferenças
em vários aspectos existem de acordo com a época ou o país.
Em tempos de guerra, matar o inimigo é considerado um ato heróico,
mas, em tempos de paz, matar uma pessoa é considerado crime suscetível
à pena de morte. Uma religião ou uma doutrina verdadeira
é sólida e transcende a fatores como tempo e espaço.
O papel
da religião em nossas vidas
As religiões
e as doutrinas existem para aliviar o sofrimento, o medo e a tristeza
do ser humano, proporcionando paz espiritual e tranqüilidade para
que possamos viver nosso dia-a-dia de forma correta e, ainda assim, há
aqueles que consideram desnecessário ter uma religião. Para
ilustrarmos o papel de uma religião ou doutrina em nossas vidas,
reflitamos primeiro sobre o que melhor as representaria dentre as opções
que se seguem: água, fogo e ar.
Todos sabemos
que água e ar são elementos imprescindíveis para
se manter a vida de todos os seres vivos, mas o fogo é um elemento
acessível apenas à utilização do ser humano.
A religião pode ser equiparada ao fogo que manuseamos com muito
cuidado. O ser humano depende da utilização do fogo para
preparar seu alimento. No entanto, o manuseio do fogo, se feito de forma
incorreta, pode causar um incêndio, assim como queimaduras. O mesmo
pode se dizer de uma religião, pois, assim como a ela pode nos
proporcionar o calor aconchegante da compaixão, ela pode ser utilizada
de forma extrapolada e gerar conflitos e guerras. Lembremos que o ser
humano é, antes de tudo, um animal e o que o difere de outros seres
vivos é o seu coração. Entretanto, se este coração
se torna quente demais ou mesmo frio demais como gelo, o excesso não
nos permite alcançar o aconchego do equilíbrio. Isso pode
ser resumido numa equação matemática:
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