(Texto: Venerável
Mestre Hsing Yün | Foto: Divulgação)
Quando
falamos a respeito dos sabores da vida, a maioria de nós sabe que
eles são ácido, doce, amargo e picante. Dizem que a vida
tem esses sabores: ela é doce na juventude, ácida e picante
na maturidade e amarga na velhice.
Mas nem sempre
é assim. Muitos sobrevivem a uma juventude desafortunada, como
órfãos ou crianças e adolescentes sem lar. Perdem
suas casas, não têm para onde ir e nenhuma escola os acolhe.
Não experimentam nenhuma doçura na vida, além de,
ainda muito jovens, serem pungidos pelo devastador e gelado vento e pela
amarga chuva da vida. Na maturidade, quando lutamos por sucesso na vida
profissional, juntamente com o sabor ácido e picante do trabalho
árduo, provamos também o sabor adocicado da realização.
O ácido e o picante são sabores que devem estar presentes
na vida madura. Assim como quando, intencionalmente, adicionamos vinagre
ou pimenta à nossa comida, quanto mais picante, melhor.
Administrar
o amargo
Quanto ao
amargor da velhice, este se deve à falta de realizações
na vida, especialmente à falha em criar vínculos com os
demais. Assim como as cores e o esplendor da vida esmorecem com a idade,
também a vida será, inevitavelmente, amarga. Há idosos
cujas realizações estão nos livros de história
e são enaltecidas pelos demais. Há os que são conhecidos
por sua moral superior e respeitados pelos membros da comunidade. Há
ainda os que vivem uma vida plácida, sem desentendimentos, e cujo
sereno retiro na velhice é admirado por todos. As vidas desses
bem-sucedidos senhores não são totalmente amargas.
No passado,
as pessoas costumavam se lamentar: Se não trabalharmos duro
enquanto somos jovens, seremos infelizes. Hoje em dia, devemos afirmar:
Trabalhando arduamente enquanto jovens, seremos plenamente felizes
quando velhos. A vida é repleta de sabores. Por isso, deveríamos
ser como um chef em sua cozinha, saboreando o alimento da vida. Com ou
sem sal, ácida ou doce, amarga ou picante ao gosto de cada
um, assim deve ser ela temperada.
Não
deveríamos reclamar dos sabores da vida. Contanto que sejamos possuidores
da estima e do apoio dos demais, seja a vida amarga ou doce, ácida
ou picante, não há mais nada com que se preocupar. Ofereçamos,
portanto, a todos os melhores sabores da vida, além de temperar
as nossas com eles.
|