Estar zen é estar vivendo em equilíbrio
consigo e com todos os seres da natureza
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(Ilustração:
caligrafia da Profª. Hisae Sagara, do Templo Busshinji)
O ser humano
é, por natureza, repleto de desejos. Em princípio, o termo
desejo pode causar uma conotação ruim, entretanto,
o que seria do ser humano se não tivesse desejo de saciar a fome
ou a sede? Simplesmente não sobreviveria, morreria. O que seria
da humanidade se não houvesse o desejo de perpetuar a espécie?
Hoje nós não existiríamos.
A questão
a ser refletida está simplesmente no grau do desejo... Um desejo
que se torna excessivo se transforma em ambição e, conseqüentemente,
esta ambição nos leva a querer muito mais do que realmente
necessitamos e inconscientemente nos deixamos mergulhar em um mundo egocêntrico.
Do ponto de
vista do ensinamento zen, a existência de inúmeros desejos
é inevitável por fazer parte da própria natureza
humana. Entretanto, cabe-nos aprender a ponderar e a evitar o excesso
de quaisquer desejos. Estar zen é estar vivendo em
equilíbrio consigo e com todos os seres da natureza.
Toda e qualquer
vida está em constante transformação. Não
existe sequer um milésimo de segundo igual a outro. Assim como
nossa vida é regida pela impermanência, não sabemos
o que nos aguarda num momento seguinte ao que vivemos.
Independente
de nacionalidade, ideologia, crença religiosa, condição
financeira ou escolaridade, o fato é que tudo que tem vida um dia
certamente desfalecerá e esta é uma verdade da qual não
podemos fugir. Entretanto, apesar de sabermos que um dia vamos morrer,
ninguém sabe ao certo quando será a sua hora e esta é
a razão principal pela qual devemos viver intensamente cada momento
de nossas vidas como se fosse o último.
Pequenas
boas ações valem mais que belas palavras..., ao colocarmos
em prática nossas ações, um décimo delas que
seja, certamente o efeito será muito maior que apenas a expressão
de palavras. A lógica não move o ser humano, mas a capacidade
que o ser humano tem de se emocionar é que o faz mover seu coração.
Se refletirmos sobre palavra emoção/comoção,
em japonês (
- kandô), veremos que sua formação é feita
com a junção dos ideogramas
sentir e
mover-se.
A felicidade
buscada pelo ser humano na verdade não é uma condição
única, ou seja, um acessório ou uma bagagem que carregamos
no decorrer de nossas vidas e que a cada momento estará preenchida
com uma condição e uma carga diferente, não é
permanente e estará constantemente passando por transformações.
Nossa felicidade
não deve ter como parâmetro a felicidade alheia... o parâmetro
está dentro de cada um de nós. O importante é buscar
a felicidade dentro de si mesmo; a felicidade que se busca exteriormente
não passa de um mero acessório que, a qualquer momento,
pode se quebrar ou se perder.
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