(Texto: Venerável Mestre Hsing Yün | Foto: Divulgação)

Inimigos são aqueles que se opõem a nós, que nos obstruem, que querem nos prejudicar ou mesmo nos destruir. Nosso mais real inimigo, porém, somos nós mesmos. Por que é assim? Quando somos preguiçosos, a preguiça é nossa inimiga. Quando odiamos, o ódio é nosso inimigo. Quando somos egoístas, o egoísmo é nosso inimigo. Quando somos desonestos, a desonestidade é nossa inimiga.

Aqueles que menosprezam a retidão vêem os amigos como inimigos. Aqueles que têm dificuldade em compartilhar consideram familiares e amigos como inimigos. Aqueles que não se importam com suas famílias as vêem como inimigas. Quando a mente não é pura e a moralidade não está estabelecida, nossa própria mente, assim como nosso próprio corpo, são nossos inimigos.

Aqueles que não protegem o seu país, mas, ao contrário, o traem, quando este é destruído, perdem seu próprio lar. Não são eles mesmos seus inimigos?

Aqueles que não se esforçam no trabalho dificultam o progresso de seus patrões, que acabam fechando as portas e os demitindo. Nesse caso, não são eles próprios os seus inimigos? E quanto àqueles que se embriagam e causam problemas, ou adoecem por causa de sua vida desencaminhada? Não são eles seus próprios inimigos?

O demônio dentro da mente

Devemos nos envolver com pessoas sábias, mas, quando sentimos inveja delas, além de nos tornarmos incapazes de aprender com elas, acabamos contribuindo para nosso próprio fracasso. Quando irmãos decidem brigar entre si, ou quando colegas de uma mesma empresa querem destruir um ao outro, pode parecer que estão querendo parar com a competição. Na realidade, estão enfraquecendo o esforço da equipe como um todo, assim como a si mesmos.

De acordo com os sutras, o demônio não está fora – está dentro de nossas mentes. Nossas mentes nutrem muitos inimigos: ganância, raiva, ilusão, pessimismo, desconfiança, arrogância e preocupação.

Quando o Quarto Patriarca Ch’an, Mestre Daoxin, visitou pela primeira vez o Mestre Ch’an Sengcan, perguntou pelo caminho da libertação. O Mestre Sengcan respondeu com uma pergunta: “Quem te está aprisionando?”

O Mestre Daoxin pensou um pouco e respondeu: “Ninguém.”

O Mestre Ch’an Sengcan, então, respondeu: “Se ninguém te está aprisionando, por que precisas ser libertado?” Isto nos ensina que todos nós aprisionamos e atamos a nós mesmos.

O conhecido sábio Wang Yangming disse uma vez: “É fácil apanhar o bandido escondido nas montanhas, mas é difícil apanhar o ladrão dentro da mente.”

Os inimigos externos são fáceis de se enfrentar. O difícil é derrotar os inimigos de dentro das nossas mentes. O Sutra Diamante afirma que temos de conquistar nossas mentes. Se pudermos fazer isso, seremos capazes de derrotar nosso verdadeiro inimigo: nós próprios.

“A aspiração à prática e ao cultivo da mente
propicia acúmulo de boas causas e condições.
A presteza em ajudar os demais amplia nossa experiência.”

“A serenidade da mente vale mais do que o prazer.
A virtude vale mais do que o sucesso.”

“Escutar é a chave da comunicação.
Ajudar é a chave do sucesso.”