ZEN-BUDISMO - União de aspectos filosóficos e práticos
ao caráter sentimental do japonês
|
(Fotos: Arquivo
Templo Busshinji)
A palavra zen
hoje em dia se tornou um termo popular, muito além de seu significado
original. O zen é, em princípio, uma linhagem do budismo,
e a palavra em si tem origem no sânscrito Dhyana, que significava
meditar sobre o verdadeiro aspecto das coisas e discerni-las, mantendo,
para isso, a máxima tranqüilidade de espírito. Quando
o zen foi difundido na China por Bodhidharma, o espírito prático
característico do chinês passou a aplicar os ensinamentos
do zen na vida prática, dando-se assim mais importância ao
aspecto moral do que à meditação contemplativa. A
estes aspectos filosóficos e práticos foi adicionado o caráter
sentimental do japonês, nascendo daí a cultura do zen-budismo
que foi introduzida e difundida no Japão pelo mestre Doguen Zenji.
Zen
Escola do budismo surgida na China do séc. VI d.C. e levada ao
Japão no séc. XII, onde granjeou grande importância
cultural até os dias atuais, caracterizada pela busca de um estado
extático de iluminação pessoal, o satori, equivalente
a um rompimento deliberado com o pensamento lógico, obtido por
meio de práticas de meditação sobre o vazio ou reflexão
a respeito de absurdos, paradoxos e enigmas insolúveis (koans).
(Dicionário Houaiss)
MEDITAÇÃO
- Zazen é praticada não só por budistas e tem
adeptos no mundo todo
|
Os elementos
mais representativos da cultura tradicional japonesa, que têm como
parte de sua denominação o do (caminho), têm sua origem
ou seu caráter mais elevado e aprimorado por meio dos ensinamentos
e da filosofia do zen-budismo: kado (arte do arranjo floral);
chado (cerimônia do chá); shodo (arte da caligrafia);
koudo (cerimônia de apreciação de incenso);
e, nas artes marciais, o judô, o kendô, karate-dô.
O zen não
é um estado, e sim a prática dos ensinamentos e um caminho
a ser seguido. Apesar de ser uma linha do budismo, por todo o mundo existem
muitos praticantes de zazen (meditação sentada zen) e que
não são necessariamente budistas. Em verdade, para se compreender
o zen, é necessário pura e simplesmente experimentá-lo
e colocá-lo em prática no nosso dia-a-dia. O modo de vida
almejado através do zen tem como princípio conscientizar-nos
de que:
a) nenhum
ser existe por si só;
b) não se consegue viver totalmente alheio ao próximo;
c) devemos gratidão a nossos pais, mestres, amigos, a tudo e a todos
que nos rodeiam, assim como à natureza, à nossa vestimenta,
ao nosso alimento e a nossa moradia, por nos proporcionarem suporte e encorajamento
para vivermos em harmonia.
O corre-corre
do nosso cotidiano muitas vezes não nos permite enxergar soluções
para aquilo que buscamos, no entanto, quando estamos serenos e tranqüilos,
conseguimos discernir de forma correta e enxergar por ângulos que
em estado de estresse, nervosismo ou simples correria não nos seria
possível. Nosso pensamento é como uma poça de água
que, quando pisada, sua água se turva e nada enxergamos, senão
imagens distorcidas. No entanto, se esperarmos a água se acalmar
e a terra baixar, conseguimos enxergar claramente o nosso próprio
reflexo... |