(Texto:
Venerável Mestre Hsing Yün | Foto: Divulgação)
Cada um tem
uma visão diferente da vida: uns são otimistas; outros,
pessimistas. Os otimistas encaram tudo com positividade, enquanto os pessimistas
são sempre negativos.
Não
existem, no entanto, otimismo ou pessimismo absolutos no mundo. O
que surge na mente faz surgir todos os darmas, e todos os darmas cessam
quando a mente cessa. Há, é claro, causas e condições
externas para o otimismo e o pessimismo. Mas, na maioria das vezes, eles
são produtos de nossa própria criação.
Certa vez,
um rei partiu em uma excursão de caça, durante a qual, por
acidente, feriu gravemente um dedo. Quando perguntou ao ministro que o
acompanhava o que deveria fazer, este, otimista, disse: Que coisa
boa!
Ao ouvir isso,
o rei ficou furioso. Acusou o ministro de se alegrar com o seu sofrimento
e mandou que o prendessem. Um ano depois, o rei participou de outra caçada
e foi capturado por um bando de nativos. Ele foi amarrado e colocado no
altar como oferenda ao deus local. Quando o rei estava prestes a ser oferecido,
o alto sacerdote percebeu que lhe faltava um dedo da mão. Por ter
sido considerado uma oferenda incompleta, o rei foi libertado e o ministro
que o acompanhava nessa ocasião foi usado em seu lugar.
O rei lembrou-se
do ministro aprisionado, que havia considerado o seu dedo ferido como
uma boa coisa, e tratou de soltá-lo. Por tê-lo encarcerado
por um ano sem nenhum bom motivo, o rei ofereceu ao ministro as suas desculpas.
O ministro, porém, foi tão otimista quanto antes e respondeu:
Ter passado um ano na cadeia também foi uma boa coisa. Se
eu não estivesse preso, quem teria acompanhado vossa alteza àquela
caçada e teria sido oferecido no altar?
Ponto
de vista
Assim, o que é bom não é necessariamente
tão bom assim. Pela mesma razão, o que é mau não
é necessariamente tão mau assim. O budismo ensina a impermanência.
As coisas podem mudar para melhor ou para pior. Os pessimistas preocupam-se
com o último milhão de dólares que lhes sobrou, enquanto
os otimistas se alegram pelos últimos milhares de dólares
que ainda possuem.
Quando o célebre
erudito Su Dongpo foi rebaixado e transferido para a Ilha Hainan, considerou
a calma solitude da ilha um mundo à parte de seus anteriores dias
de glória na capital. Com a reflexão, Su se deu conta de
que não era o único a viver em uma ilha isolada no vasto
oceano. O próprio continente não é mais que uma outra
ilha no vasto oceano. Como conseqüência, ele simplesmente aceitou
as circunstâncias e sentiu-se feliz com sua sina. Sempre que comia
frutos do mar, a comida local, ficava feliz por viver em Hainan. Pensava
até que se outros ministros tivessem vindo antes dele, não
poderia desfrutar toda aquela comida deliciosa sozinho.
Quando pensamos
positivamente, a vida torna-se jubilosa. Monges budistas têm somente
um manto sobre os ombros e um par de sapatos nos pés. Viajam por
todos os lugares, como nuvens flutuantes. Em companhia de mendigos ou
na presença de reis e imperadores, sentem-se igualmente confortáveis.
Estão livres de tudo e possuem o universo em suas mentes. Como
poderiam se sentir solitários ao coexistir com todos os seres sencientes
do mundo?
Não
existem, portanto, alegria ou sofrimento absolutos na vida. Enquanto tivermos
uma atitude positiva, espírito para continuar nos empenhando e
habilidade para pensar positivamente, o sofrimento poderá ser transformado
em júbilo. Como disse Helen Keller, certa vez: Quando se
olha para o Sol, não se vê sombras. Ter uma visão
positiva da vida é como ter o Sol dentro do coração.
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Para quem é hesitante, mil palavras não bastam.
Para quem é determinado, uma palavra é como chuva de primavera.
Mais proveitosa que a teoria, é a prática.
Mais poderosa que a palavra, é a ação.
Mais valiosa que a inteligência, é a sabedoria. Mais eficaz
que o intelecto, é o trabalho árduo.
Paciência e serenidade geram bons sentimentos.
Modéstia cria bons vínculos.
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