Hélio
Nishimoto*
Há
exatamente 68 anos, nos dias 6 e 9 de agosto de 1945, as cidades
japonesas Hiroshima e Nagasaki foram arrasadas por bombas atômicas,
lançadas por aviões norte-americanos, matando, na
hora, mais de 130 mil pessoas nas duas cidades. No final daquele
ano, 145 mil pessoas haviam morrido em Hiroshima e 75 mil em Nagasaki.
As
consequências foram desastrosas. Com um incomensurável
poder de destruição, as bombas atômicas não
só destruíram seus alvos como provocaram danos à
saúde dos sobreviventes e também das gerações
seguintes, que convivem com o receio permanente de doenças
causadas pela exposição às radiações.
Ainda hoje, a ciência e a medicina buscam respostas definitivas
sobre os efeitos causados pela radiação das bombas
de Hiroshima e Nagasaki.
Sobrevivente
da tragédia de Hiroshima, Takashi Morita (89), na época
com 21 anos, era um jovem policial militar. Ele conta que na hora
da explosão, às 8h15min, fazia ronda na rua e que
só por milagre não morreu. Pois que estava a uns
1.300 metros do epicentro da explosão que devastou tudo:
casa, poste, calçada, ruas e bairros inteiros. Uma
imagem de horror que não vou esquecer jamais, conta
ele.
Em
1956, Morita-san, como é chamado pelos amigos, imigrou
para o Brasil com a esposa Ayako e dois filhos (Yassuko e Tetsuji)
e começou a trabalhar como relojoeiro em São Paulo.
Em
1984, sentiu necessidade de lutar pelas vítimas da bomba
atômica no Brasil e fundou a Associação Hibakusha
Brasil pela Paz (hibakushabrasil@gmail.com)
, que começou com 27 membros, alcançando, anos depois,
241. Atualmente, são 112, com idade média de 78
anos. Entre eles estão um coreano e cinco brasileiros,
descendentes de japoneses que estavam naquelas cidades no dia
da explosão das bombas.
A
luta da associação é fazer com que o Governo
do Japão olhe e cuide das vitimas da bomba atômica,
independentemente do país onde elas residam. Nesses quase
30 anos de luta, a associação, que mantém
contato com entidades de outros países, como os Estados
Unidos e a Coréia do Sul, já obteve alguns avanços,
como uma ajuda para exames médicos, diz Morita.
No
Japão, as vítimas da bomba atômica têm
ajuda médica gratuita e o governo realiza ainda um check-up
para monitorar os efeitos da radioatividade.
Mundo
de paz
Com
o objetivo de despertar e conscientizar as novas gerações
sobre a necessidade do desarmamento nuclear e impedir a construção
de usinas nucleares, Takashi Morita é constantemente convidado
a ministrar palestras no país. Ele alerta os governantes
sobre os perigos da radiação nuclear e cita o exemplo
de Chernobil e mais recentemente o da usina de Fukushima, cujos
efeitos ainda são desconhecidos, sugerindo que a humanidade
procure fontes de energia limpa, que não
comprometem o futuro do Planeta.
No
Brasil, a Associação Hibakusha Brasil pela Paz mantém
contato com outras entidades de vítimas de contaminação
radiotiva, como a do césio 137 de Goiânia e a da
Nuclemon, em Santo Amaro, na capital Paulista. Recentemente, esteve
com a associação de moradores de Angra dos Reis
(RJ), que convive com o temor das suas usinas nucleares.
Em
2011, a Escola Técnica de Santo Amaro recebeu o nome de
Takashi Morita. Essa escola conta com fotos e um painel de mensagens
de agradecimento dos sobreviventes às novas gerações
de brasileiros para que o legado de Hiroshima e Nagasaki não
seja esquecido.
Tragédias
assim, nunca mais.
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