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Opinião - 25/11/2014 - NippoBrasil
Por que privatizar o sistema de transporte
de massa e quais são os principais benefícios

Tetsuo Hori *

O sistema de transporte de massa, como trem e metrô, torna-se cada vez mais importante nas grandes metrópoles, quando a poluição e os congestionamentos provocados pelos veículos automotores deixam o nosso ambiente urbano cada vez mais difícil de ser habitado.

É importante lembrar que o sistema de transportes de passageiros sobre trilhos desloca milhares de passageiros sem poluir e sem congestionar as vias urbanas.

Por que esse sistema evolui tão lentamente no Brasil? As empresas estatais, como a Companhia Paulista de Transporte Metropolitano (CPTM) e a Companhia de Metrô mal se sustentam, pois os valores das passagens são insuficientes para tanto; e os investimentos do governo, insatisfatórios.

A privatização seria a melhor alternativa. A última linha de ferrovia privatizada no Japão foi a Japan National Railway (JNR), cuja companhia dirigia o trem-bala, inaugurado em 1964, ano das Olimpíadas de Tóquio. A privatização deu-se há 20 anos, com o nome de Japan Railway (JR) e transformou esse sistema em um dos mais modernos e eficientes de trem-bala do mundo.

Toda privatização de companhias estatais traz grande preocupação com a demissão de funcionários, pois, normalmente, essas empresas estão "inchadas" de funcionários indicados por políticos e também por seus diretores.

No caso das empresas privadas, elas podem atuar no ramo do comércio, de serviços e investimentos, criando novas fontes de renda, para as quais são necessários mais funcionários. Foi o que aconteceu quando a JNR se privatizou como JR.

Do ponto de vista da estruturação urbana, a Prefeitura de São Paulo pode criar subcentros como renovação urbana em áreas deterioradas, nas quais as linhas da CPTM e do Metrô se integram, assim como com os terminais de ônibus (incrementando cada vez mais os ônibus elétricos).

Com investimentos imobiliários e serviços das empresas de transportes nos ramos de hotéis, escritórios, habitação, lazer etc., essas áreas dos subcentros podem ser adensadas de forma estruturada, com planejamento naturalmente projetado, realizado e controlado por órgão público.

A grande vantagem dos adensamentos urbanos é o uso da infraestrutura de forma mais racional, diminuindo os deslocamentos da população e criando a relação habitação-emprego em sua própria zona.

As áreas para a criação de novos subcentros planejados poderiam ser: Barra Funda, Pari, Vila Prudente, Santo Amaro, Pinheiros, Lapa e outras. Existem, nessas localidades, bolsões deteriorados e áreas de antigas indústrias que poderiam ser renovadas e requalificadas urbanisticamente com o sistema de trens e metrôs, o que facilitaria o desenvolvimento de novos centros de desenvolvimento urbano, com bulevares, áreas de lazer, habitação, comércio e serviços, nas quais as empresas de transporte privado também poderiam investir.

Assim, as empresas de transporte de massa não atuariam somente no transporte de passageiros, mas como um conglomerado de empresas lucrando com a qualificação, a ordenação e a modernização urbana.


*Tetsuro Hori é arquiteto e urbanista pela FAU-USP (1964), executou vários projetos de Arquitetura de Terminais de ônibus para EMTU e SPTrans, além de estações do Metrô e da CPTM, lecionou durante 10 anos na Universidade de Brasília (UnB) e 17 anos na Fundação Armando Álvares Penteado (Faap), foi bolsista no Japão pela JICA, AOTS e Fundação Japão, realizou palestras sobre Urbanismo de Brasília nas
principais universidades do Japão e da China.
E-mail: arquitetohori@gmail.com
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