Junji
Abe *
Faz
sentido sermos pentacampeões do mundo e continuarmos essa
vitoriosa caminhada. Temos a riqueza inesgotável de jogadores
que só precisam de aprimoramento e comando. Porém,
ciclicamente, entramos em parafuso. Chegamos ao ápice da
desclassificação na Copa do Mundo de 2014, em pleno
Estádio do Maracanã. E pior, humilhados com a derrota
fragorosa de 7 a 1 para Alemanha.
Somos uma potência incomparável em recursos naturais,
com gente fraterna e obreira que constituiu uma sociedade multirracial
e multicultural. Ocorre que vivemos o mesmo parafuso enfrentado
pela seleção canarinho. Mas, estamos no limiar de
transformações extremamente positivas. Vejamos o
futebol. Há cartolas corruptos presos ou prestes a ajustar
contas com a Justiça. Após a desastrosa era Felipão
e o ineficiente comando técnico de Dunga, com a seleção
ameaçada de exclusão da Copa 2018, eis que, finalmente,
vem a luz: Tite chega para dirigir a seleção.
Desde
que assumiu, foram seis jogos e seis vitórias. O Brasil
saiu da lanterna e foi para o 1º lugar. Faltando ainda quatro
jogos, só precisa de um empate para a classificação
na Copa 2018. Esse gaúcho de 55 anos ralou muito para chegar
à posição de técnico vencedor. Além
de extraordinário conhecimento técnico, determinação
e humildade, Tite domina a tarefa mais complexa que é o
relacionamento humano. Sabe se colocar diante dos cartolas e,
principalmente, junto aos jogadores.
Embora
tenhamos gênios da bola, como o excepcional Neymar, Tite
constrói uma seleção não dependente
de um guerreiro. Prima pelo jogo coletivo e solidário.
O técnico enaltece o desempenho e a importância de
cada membro da sua comissão técnica. Sem vaidade,
com espontânea demonstração de senso coletivo,
divide os louros das vitórias. Não à toa,
o povo ovaciona: "Tite, Tite, Tite!"
Guardadas
as proporções, pode-se comparar a situação
com os campos público e privado da Nação.
Embora tênue, há luz no fundo do túnel. Com
a Operação Lava Jato, dezenas de autoridades e empresários
são presos. As pedaladas fiscais levam ao impeachment da
presidente Dilma Rousseff e a consequente posse de Michel Temer.
Apesar das dificuldades advindas do carcomido sistema político-partidário
e administrativo, ele trabalha pela superação da
crise.
Com
compreensão, solidariedade, união e efetiva participação
do povo, haveremos de resgatar o bem-estar a que temos direito.
Oremos para que personalidades responsáveis e eficientes,
como o nosso Tite, apliquem políticas públicas pautadas
pela austeridade e amor ao Brasil e a nossa gente. Sem vaidades
nem idolatria. Apenas com competência, sensibilidade e dedicação.
Assim, quem sabe, como no futebol, voltemos a ovacionar não
alguém, mas o nosso Brasil.
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