Juliano
Abe*
Um
dia, já foi R$ 3,00. Em 2018, chegou aos R$ 4,00, quase
R$ 5,00 e, com isso, estourou uma greve que parou o País.
Do ano passado aos dias de hoje, escondidinho nos mais variados
pretextos que a pandemia pôde oferecer, o preço chegou
a R$ 6,00, quase R$ 7,00. O litro da gasolina em alguns Estados
brasileiros já está em R$ 8,00. Aliás, a
pandemia tem sido pródiga em gerar justificativas. Minha
desculpa para a esposa por chegar tarde da noite em casa era a
pandemia; minhas crianças iam mal nas provas e a desculpa
usada por elas também era a pandemia; estava difícil
pagar o carnê da máquina de lavar? Óbvio que
era por conta da pandemia!
Sim,
o preço do combustível está impraticável
no mundo e não apenas no Brasil. Podemos criticar o prefeito
que cobra altos Impostos Prediais e Territoriais Urbanos (IPTUs),
e isso impacta no preço final do combustível nas
bombas. Podemos censurar o governador do Estado; afinal, o Imposto
sobre Operações relativas à Circulação
de Mercadorias e sobre Prestações de Serviços
de Transporte Interestadual e Intermunicipal e de Comunicação
(ICMS) é o imposto com maior peso na composição
de preços. Podemos igualmente crucificar o presidente por
errar na política de importação ou não
fomentar uma política sustentada em combustíveis
alternativos, como carros elétricos e a ampliação
da produção do nosso já conhecido etanol.
Podemos responsabilizar uma cadeia gigantesca de políticos
nacionais e internacionais, empresas, países controladores
da produção do petróleo, culpar a China
que, por sinal, virou sinônimo de desculpas, assim como
a pandemia, pelos mais variados eventos perversos , enfim,
culpados, cada um tem o seu.
Mas,
a saída para tudo isso sempre esteve em nossas próprias
mãos. E não falo da escolha feita nas cabines de
votação a cada dois anos. Falo dos nossos comportamentos
do dia a dia. Falo em como uma cadeia de profissionais conseguiu
parar o Brasil com uma greve, e falo de como o comportamento de
uma grande maioria, no mundo, durante a pandemia, evitou milhares
de milhões de mortes pela Covid-19.
Carona
solidária, transportes alternativos, caminhadas, bicicletas,
escolhas de lazer na sua cidade, preferência ao comércio
local ou ao digital.
No
final da década de 1980 e começo da de 1990, eu
ia ao supermercado com minha mãe. Era o período
em que a carne bovina, assim como hoje, tinha preços inacessíveis.
Minha mãe reclamava: "Tá caro, né? Não
vou levar!" Simplesmente, trocávamos por aves, porco,
ovo, vegetais. Aliás, com a cultura vegana, o consumo alimentar
focado em hortaliças e frutas é uma alternativa.
Podemos
colocar a culpa em qualquer um, mas a solução
é sempre nossa!