Junji
Abe *
Cada
brasileiro tem de trabalhar quase cinco meses por ano só
para pagar os tributos, que sugam 40% de toda a riqueza produzida.
O atual sistema impõe a incidência de impostos em
cascata, o que onera os produtos, compromete a competitividade
e, no final, prejudica a população consumidora.
Quanto mais pobre for o cidadão, mais os tributos tiram
do seu couro.
Estudo
do Instituto Brasileiro de Planejamento Tributário (IBPT)
mostra que, dentre 30 países pesquisados, o Brasil é
o que oferece o pior retorno em benefícios à população
em relação ao total arrecadado com impostos. O levantamento
avaliou as nações com as maiores cargas tributárias
do mundo, relacionando estes dados ao PIB e ao Índice de
Desenvolvimento Humano (IDH) de cada uma. O resultado é
expresso no Índice de Retorno de Bem-Estar à Sociedade
(Irbes).
No
Brasil, a carga tributária corresponde a 40% do PIB, o
IDH é de 0,718 pontos e o Irbes fica em 135,85 pontos.
Na Noruega, o imposto chega a 42,80% do PIB, mas o IDH é
de 0,943 pontos e o Irbes atinge 145,94 pontos. Na Áustria,
o peso tributário equivale a 42% do PIB, porém,
o IDH é de 0,885 pontos e o Irbes alcança 141,93
pontos. Seria até palatável ter carga tributária
alta, se viesse resposta proporcional em qualidade de vida. Não
é o que acontece. Até 6 de outubro, os brasileiros
já pagaram R$ 1,5 trilhão em impostos.
Há
rotineiras ameaças de criação de impostos
ou elevação das alíquotas dos existentes
para saciar o gigantismo estatal, manipulado com ineficiência
e oportunismo, sem atender às demandas elementares do povo.
Em que pese a importância de incentivar a vida saudável,
combater vícios e desestimular compras supérfluas
campanhas que apoio , a bigorna tributária
desaba sobre alguns itens sem considerar os inúmeros atores
que compõem as respectivas cadeias produtivas. Tudo bem
sobrecarregar o cigarro de impostos, desde que diminuam os tributos
sobre comida e outros gêneros de primeira necessidade para
baratear preços.
Registro
os dez produtos mais tributados no País: cachaça
(81,77%), casaco de pele (81,86%), vodca (81,52%), cigarro (80,42%),
perfume importado (78,43%), caipirinha (76,66%), videogame (72,18%),
revólver (71,58), perfume nacional (69,13%) e motos (65%).
Quem toma uma cachaça é mais penalizado do que quem
compra um abominável casaco de pele.
Por
essas e outras, apesar das potencialidades do País, as
atividades econômicas estão sempre fragilizadas e
crescem as desigualdades sociais. O imposto mata o Brasil. Com
menos carga tributária ou, no mínimo, retorno proporcional
em qualidade de vida, o desenvolvimento sustentável ganha
terreno para evoluir, assim como a tão almejada justiça
social.
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