Primeiramente
o gostinho de saquê. Aos poucos, diversos tipos de destilados
ocidentais foram introduzidos no país, até que finalmente
a cerveja chegou para conquistar o paladar dos japoneses. Mas
tudo isso ocorreu num processo um pouco diferente e bem mais lento,
segundo os primeiros registros.
A
mais antiga referência escrita sobre bebidas alcóolicas
relacionadas ao Japão estaria num trabalho histórico
chinês chamado Wei Zhi. O relatório referiu-se aos
habitantes de Yamatai (no Japão antigo), nos primórdios
do século 3 (AD), que teriam gostado muito de uma bebida
parecida com licor, consumindo-a em funerais enquanto cantavam
e dançavam durante a cerimônia. Outras fontes antigas
que mencionaram o uso do álcool como bebida registraram
a existência de estabelecimentos chamados sakadono e sakaya,
onde se produzia o saquê.
Várias
práticas e costumes pré-modernos registram que a
bebida alcoólica desempenha há muito tempo um papel
cultural importante, existindo até divindades da bebida
alcóolica feita de arroz (saquê). No tempo em que
o sistema ritsuryoo foi instituído, no final do século
7, a côrte tinha estabelecido o Sakê no Tsukasa, ou
o local de produção de saquê, que era então
consumida pela própria côrte. No período Nara
(710-794), a produção do saquê mudou-se para
os templos budistas. Diversos deles, principalmente no Kongooji,
em Kawachi (onde fica agora a província de Osaka), obtiveram
a reputação de bons produtores dessa tradicional
bebida japonesa.
Em
áreas rurais, a população local costumava
ter sua própria produção especialmente para
o Ano Novo e, nos festivais de destaque, esse mesmo saquê
também era oferecido às divindades.
Num
banquete chamado naoarai, os convidados desgustavam a bebida após
ter sido oferecida aos deuses. Foi durante o Período Edo
(1600-1868) que a produção comercial do saquê
ganhou destaque, e a bebida tornou-se um ingrediente para socialização
e entretenimento.
Embora
antigamente os japoneses não costumavam ficar bêbados
como é mais freqüuente nos dias atuais, joogo era
o termo utilizado para designar os admiradores do saquê,
enquanto que geko referia-se aos mais moderados. Atualmente, costuma-se
dizer que hashigozake é o grupo que pára em diversos
bares para beber durante a noite. O saquê espalhou-se tanto
pelos costumes do povo japonês, que até mesmo nos
casamentos os noivos trocam goles da bebida.
Atualmente,
em todo o Japão, há diversos tipos de destilados.
Seishu é um tipo de saquê mais representativo, mas
outras bebidas nativas incluem o shoochu, doburoku, shirozake
e awamori.
Os
produtos alcoólicos ocidentais chegaram ao país
durante o Período Muromachi (1333-1568) quando os vinhos
vieram de Portugal. Já a produção da cerveja
destacou-se no bairro de Ginza, Tóquio, em 1899, quando
tornou-se um rival do saquê. Antes da Segunda Guerra Mundial,
havia aproximadamente 60% do consumo de seishu, enquanto que a
cerveja atingia 20%. Com o passar do tempo, houve o inverso, já
que no final dos anos 80, a cerveja chegava a ser consumida em
70%, enquanto que o seishu havia caído para apenas 20%.
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