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História e origem do banho de ofurô

Para economizar água e evitar incêndios, boa parte dos habitantes do Japão antigo era adepta dos banhos públicos que, no início, eram uma espécie de sauna


BANHOS PÚBLICOS - Proibição do governo separou banhos de homens e de mulheres

 

Fotos: Divulgação / Arquivo NB

O ofurô, banho em estilo japonês, vem se tornando uma mania no Brasil. Dizem que o banho com pétalas de flores são muito procurados para fins terapêuticos e qualquer pessoa se sente leve de corpo e alma depois de um banho como esse. Mas qual é a história do ofurô e como ele era usado na Antiguidade?

O que significava o ato de se lavar?
O misogi, ato de purificar o corpo, era indispensável em cerimônias religiosas. Ainda nos dias de hoje, as pessoas têm o costume de enxagüarem a boca e lavarem as mãos antes de fazerem visitas aos santuários xintoístas. Nos templos budistas, era comum a prática de uso gratuito do banheiro dos templos para banhos como parte do treinamento. A maior e mais antiga sala de banho do Japão encontra-se no Templo Todaiji e possui nada menos que 100 tsubo – uma área equivalente a 330 m2. Construída em 784 e reconstruída por iniciativa do monge Chogen no ano de 1197, hoje a construção ainda existe no local, porém não é permitida a visitação pública.

A origem do ofurô
Inicialmente chamado de ishiburo ou iwaburo, o ofurô era um tipo rudimentar de sauna. Utilizava-se uma concavidade natural, ou buracos escavados nas montanhas de pedras, onde eram queimadas folhas secas de shida (samambaia), ou de pinheiro para aquecer o lugar. Depois, as cinzas eram retiradas e colocava-se no local uma esteira sobre a qual jogavam a água do mar para criar vapor. Dizem que esse processo é peculiar no Japão, praticado em regiões litorâneas somente no verão. Os homens tinham o costume de banharem-se usando fundoshi (faixa utilizada como roupa íntima); e as mulheres, koshimaki (roupas íntimas), compartilhando o mesmo espaço. Mais tarde, surgiu o chamado kamaburô, um grande caldeirão onde se queimavam folhas frescas seguindo o mesmo processo do iwaburo. Foi a partir da Era Edo que passou a ser utilizada a atual forma de banho de imersão com água quente em abundância.

A consolidação da cultura de Machiyu (banho público)
A Grande Edo (atual Tóquio) do século XVII era uma grande metrópole com 1 milhão de habitantes. Lá, o banho público era muito utilizado por várias razões: à exceção da classe dos nobres e dos daimiôs (senhores feudais), as demais famílias eram proibidas de ter o banho em suas próprias casas, por medida de controle de água e prevenção de incêndios. O banho público era uma espécie de sauna, mas não conseguia atender um grande número de pessoas simultaneamente. Assim, passou-se a utilizar o nível de 30 cm de água quente para o aquecimento a partir dos pés e, depois, banheiras cheias de água quente. Supõe-se que essa adaptação foi, em parte, influenciada pelo costume de banhar-se nas termas de todas as regiões japonesas.

Nos banhos públicos, surgiu a figura de yuna, as mulheres que lavavam as costas, penteavam os cabelos e ajudavam as pessoas a se vestirem ou, ainda, serviam chá. Estima-se que a origem das yuna esteja no fato de os guerreiros vindos de batalhas terem recebido os cuidados dessas mulheres para tratar de seus corpos e espíritos. Em conseqüência disso, houve a degradação dos bons costumes entre homens e mulheres, com a expedição de várias ordens de controle por parte do governo feudal, porém sem sucesso. Dizem que a moda da época era ditada pelas prostitutas e pelas yuna, e que os banhos públicos onde havia belas mulheres eram os que mais prosperavam.

O piso superior do banho público era um local reservado aos homens e servia como vestiário, local para o exercício de jogos como go ou shogi e onde se conversava sobre os mais variados assuntos, inclusive os profissionais. Os banhos mistos desapareceram rapidamente, sendo proibidos pelo governo Meiji, em resposta às críticas de países ocidentais.

Os vários tipos de ofurô
A proliferação do ofurô levou à construção de banhos simples espalhados por toda a região. Os habitantes de Edo gostavam muito do ofurô, prova disso são os mais variados tipos inventados por eles, além do banho público. Um deles era o ninaiburô, uma banheira portátil de tamanho reduzido para o banho individual. Havia até as banheiras instaladas sobre os barcos, as chamadas yubune. Atualmente, as pessoas apreciam não somente o ofurô, mas também as termas e se divertem com centros de jogos e spa, tudo conjugado em um único local.


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