Fotos: Divulgação
/ Arquivo NB
TRADIÇÃO - Envelopes são atados com
fios de papel nas cores preta e branca
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Na
sociedade nipo-brasileira, ainda são preservados alguns
costumes nipônicos no tocante a funerais. Um deles é
o okoden (oferenda em dinheiro, colocada em envelopes). O NB
também tem recebido de leitores perguntas acerca do que
escrever nos envelopes, em tais casos.
O
que escrever?
Se o falecido for budista, o mais aconselhável a se escrever
nos envelopes com oferendas seria goreizen (simbolicamente,
oferenda para almas), okoden ou okoryo (simbolicamente, oferenda
para incenso) e, no caso de missas posteriores ao 49º dia,
gobutsuzen. Xintoístas poderão utilizar otamagushiryo
ou osakakiryo (simbolicamente, oferenda de um galho da árvore
sagrada), etc. Os cristãos podem utilizar ohanaryo (oferta
de flores), omisaryo (oferta de uma missa para o falecido),
etc. Quando não se sabe a religião do falecido,
é melhor utilizar envelopes sem a ilustração
da flor de lótus e escrever oreizen (simbolicamente,
oferta para o espírito). Atualmente, são utilizados
os envelopes que podem ser adquiridos prontos, mas, originalmente,
o correto é escrever com pincel e tinta-da-china pouco
espessa. Os envelopes são atados com fios de papel de
cores preta e branca ou prateada e preta. Para gratidões
oferecidas aos monges, ou na ocasião de missas em memória
de falecidos, utiliza-se, conforme a região, fios nas
cores amarela e branca.
Missas
em memória do falecido
As missas variam conforme a seita religiosa. No budismo, é
chamado de Chuu ou Chuin o período de 49 dias que se
segue à morte e se estende até receber a nova
vida. Em Shonanuka, ou missa do sétimo dia, reúnem-se
parentes e amigos para a leitura da sutra pelo monge. As missas
de Futananuka (14º dia), Minanoka (21º dia), Yonanoka
(28º dia) e Tsukiimi (um mês) são realizadas
somente com a presença da família. A missa de
Itsunanoka (35º dia) seria o dia do julgamento pelo Enma
daio (o julgador dos mortos) do Yomi no kuni (país dos
mortos). Há famílias que convidam parentes e amigos
para celebrar de forma mais ampla esta data, considerando o
fim de luto. A missa de Munanoka (42º dia) é realizada
somente pelos familiares e, no Shichishichinichi, (49º
dia) é declarado o fim do período de luto, sendo
os restos mortais depositados no jazigo. Dentre as missas, esta
é a mais celebrada. Na data de Hyakkanichi, ou do centésimo
dia do falecimento, os familiares fazem uma visita ao túmulo
do falecido.
A
missa de Isshuki, Ichinenki ou Ikkaiki é rezada ao completar
1 ano de falecimento; e a de Sanshuki, no segundo ano. Após
isso, ainda são realizadas missas aos 7, 13, 23, 33,
37, 50 e 100 anos. No entanto, normalmente, chegam até
a de 33 anos, quando denominam tomuraiage e encerram a seqüência
de missas especiais.
Atualmente,
devido ao ritmo de vida acelerado, os dias anteriormente mencionados
não estão sendo seguidos à risca. Normalmente,
as missas são realizadas antecipando-as para sábados
ou domingos, a fim de facilitar a participação
de parentes. A prática de gobutsuzen tem o significado
de auxiliar nas despesas com a missa, que não são
poucas. Dizem que, normalmente, ela cobre 50% a 70% das despesas
do funeral.
RITUAL - Queima de incenso significa orar para que alma
do falecido descanse em paz
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Koden
Gaeshi (agradecimento à oferenda)
Normalmente, é entregue na ocasião da missa de
49º dia. Em princípio, é desnecessário,
mas, em muitas famílias, o costume já se encontra
consolidado. O parâmetro do valor seria de um terço
à metade do valor de koden. Os mais indicados são
objetos de uso cotidiano, como toalhas, sabonetes, chás,
algas. Nos locais de trabalho, são mais apropriados doces,
café e similares. Normalmente, utiliza-se a escrita kokorozashi
(agradecimento) sobre a embalagem.
Shoko
(queima de incenso)
A palavra ko de okoden significa fragrância, cujo perfume
purifica a si próprio e o espírito do falecido,
purificando a alma, e, por esse motivo, passou a ser utilizada
para cultos.
O
modo correto de oferecer incenso é seguir em fila, ordenadamente
e, ao chegar a sua vez, curvar-se diante dos familiares e do
monge, seguir até o altar e curvar-se diante da fotografia
do falecido. A queima de incenso significa orar para que a alma
do falecido descanse em paz. O número de vezes difere
conforme a seita, mas, normalmente, são três vezes:
a primeira para o falecido, a segunda em demonstração
de gratidão para com a sutra e a terceira para com o
monge. Quando há um grande número de participantes,
pode abreviar em uma só vez. O incenso em pó deve
ser tomado nos três dedos: polegar, indicador e médio,
elevando-o até a altura dos olhos, e depois colocando-o
devagar no incensário. Antigamente, era usual que cada
um levasse incensos de seus lares para oferecer à alma
do falecido. Nessas ocasiões, deve-se escolher incensos
de origem vegetal, que é pura, ao invés dos de
origem animal, como o almíscar.