Fotos: Divulgação
/ Arquivo NB
O Festival Tanabata, ou Festa das Estrelas, realizado na Praça
da Liberdade, já está consagrado como uma das
atividades que marca o calendário da cidade de São
Paulo. As ruas, principalmente a Galvão Bueno, são
enfeitadas com grossos galhos de bambu, e os visitantes, nikkeis
ou não, passeiam debaixo de adornos multicoloridos e
escrevem os seus desejos em tanzaku (tiras de papel próprias
para esta finalidade), pendurando-os em seguida nos galhos de
bambu.
Tanabata
De acordo com a lenda chinesa, todos os anos, na noite de 7
de julho, as estrelas Kengyu e Orihime atravessam a Via Láctea
pelas asas de kasasagi (espécie de pássaro) para
o seu único encontro anual. A partir daí, surgiu
uma festividade chamada Kikkoden, na qual se orava para a realização
de algum desejo. Este costume foi levado ao Japão na
segunda metade do século VII.
Na
mesma época, havia também no Japão uma
atividade na qual as mulheres recebiam o deus da água
na sua oficina de tear e passavam a noite tecendo. No dia seguinte,
elas presenteavam o deus da água com o tecido já
pronto. Estas mulheres eram denominadas tanabatatsume. Tanabata
seria abreviatura de tanabatatsume, cuja tradução
é tecelã.
De
acordo com os antigos registros, em 734, o imperador da época
apreciou as duas estrelas no jardim imperial e, depois disso,
assistiu à apresentação de sumô e
à composição de poemas. Na coletânea
de poesias Man´yoshu, também são numerosos
os poemas que tratam de tanabata. Esta atividade era praticada
até o final do século XVI no palácio imperial,
pela nobreza e pelos militares, sendo difundida entre a população
no século XVII, a partir do Período Edo. No dia
6 de julho, os senhores feudais ofereciam ao governo feudal
de Edo o sabadai (um valor para aquisição de cavala)
como presente. No dia 7, faziam oferendas às estrelas
e, no dia 8, jogavam-nas ao mar. Mesmo entre os populares, há
o costume de jogar as folhas e os galhos de bambu no rio ou
no mar. Estes podem ser entendidos como cerimônias de
purificação preparativa para finados.
Tanzaku
Tanzaku
de cinco cores, eu mesmo os escrevi. As estrelas brilhantes
lá do céu me observam.
O
tanzaku de cinco cores citado nesta canção
teve como origem o pensamento de que tudo surge ou se desintegra
pela ação dos cinco elementos: madeira, fogo,
terra, ouro, água, conforme onmyodo (filosofia chinesa
de entendimento das leis da natureza baseada no estabelecimento
da ordem num mundo repleto de caos) da China. Isso foi representado
pelas cinco cores: vermelho, azul, amarelo, branco e preto.
Inicialmente, ao invés de tanzaku, foram utilizados tecidos.
Estes tecidos eram oferecidos a Orihime, para que houvesse elevação
na habilidade como tecelãs. Além disso, consta
também que fios de cinco cores eram colocados como enfeites.
Estas cinco cores estão presentes na lona que recobre
a arena da luta de sumô.
Também
dentre os nobres do Período Heian havia os que, às
vésperas da morte, atavam o seu dedo com o dedo da imagem
de Buda com tecido de cinco cores, para que, após sua
morte, pudessem ir para a terra pura.
Com
o passar do tempo, os tecidos caros deram lugar aos tanzaku
de papel, no qual podiam escrever outros desejos. As crianças
de hoje até escrevem desejos como ingresso em boas escolas
ou o aumento do salário do seu pai, mas, geralmente,
elas pedem saúde e felicidade. O preto foi substituído
pelo violeta, para se escrever em tinta preta.
Antigamente,
tanzaku significava tiras de papel e tanto suas medidas como
qualidades variavam. Atualmente, é comum ter a largura
de 6 cm e comprimento de 36 cm. Surgiram também os confeccionados
em belos papéis japoneses para presentear com poemas.
Convido
todos a escreverem seus desejos em um tanzaku. Quem sabe eles
não se realizam?