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Divulgação / Arquivo NB
As sete divindades da riqueza e da felicidade surgiram em um
contexto no qual a classe comerciante japonesa (shônin)
começava a ganhar importância nas esferas social,
política, econômica e cultural, entre os séculos
XVI e XVII. Sua origem está relacionada à integração
de várias religiões: xintoísmo (religião
nativa do Japão), budismo (religião adotada pelo
Japão por meio da cultura chinesa), taoísmo (doutrina
filosófica da China) e bramanismo (religião védica
de caráter pluralista e sincrético da Índia).
A seguir, conheça um pouco sobre essas divindades: Benzaiten,
Bishamonten, Daikokuten, Ebisu, Hotei, Jurôjin e Fukurokuju.
Benzaiten divindade feminina muito venerada na Índia,
onde é conhecida pelo nome de Sarasvatí. Única
deusa do grupo, ela é conhecida como protetora das águas
e da música. No Japão, essa divindade também
simboliza o poder da Eloqüência e da Comunicação.
Ela é representada tocando um instrumento de corda nipônico
chamado biwa. Em algumas representações do Shichifukujin,
encontramos mais uma deusa, a indiana Kichijôten (Srî-mahâdevi),
que representa a Felicidade. Entretanto, atualmente, é
mais comum encontrarmos apenas Benzaiten integrando essas duas
divindades femininas.
Bishamonten (Vaisravana) divindade masculina do bramanismo
que simboliza a Força e a Riqueza. Sua mão esquerda
segura um pagode, símbolo da força espiritual
e material, e sua indumentária, típica de um guerreiro,
representa sua coragem para enfrentar as adversidades.
Daikokuten originado do sincretismo entre o bramanismo
(Mahâkâla, deus indiano dos cinco cereais) e o xintoísmo
(Ôkuninushi, divindade mitológica conhecida como
o Grande-Deus-das-Terras, conhecedor das plantas
medicinais, líder e responsável pelo governo e
pela administração do Japão antes de passá-lo
ao primeiro descendente divino, Ninigui, ancestral da família
imperial). Daikokuten representa a Saúde e a Riqueza
e carrega em seu ombro esquerdo um grande saco cheio de tesouros
e, na mão direita, uma espécie de martelo da sorte
(uchide-no-kozuchi). Acredita-se que, quando ele balança
o martelo, todos os desejos são realizados.
Ebisu única divindade originalmente japonesa.
Conhecido como o deus da pesca, Ebisu, posteriormente, passou
a simbolizar a Riqueza, a Fartura e a Prosperidade nos negócios.
Em sua mão direita, ele segura uma vara de pescar e,
na mão esquerda, ostenta um grande pargo (tai) vermelho.
Na cultura japonesa, o pargo é considerado um peixe que
traz muita sorte.
Fukurokuju divindade da Sabedoria e da Longevidade.
Na China, ele representa a encarnação da Estrela
do Pólo Sul. Tem estatura baixa, testa alta, cabelos
e barbas brancos e segura uma bengala com um pergaminho contendo
sutras. Há representações em que ele vem
acompanhado de um grou (tsuru), símbolo da União
e da Longevidade.
Hotei deus da Satisfação, da Alegria
e da Fartura, a origem de Hotei remonta a dois monges do século
X, muito populares na China e na Índia. O monge chinês
Kaishi e o monge indiano Budai foram muito queridos e respeitados.
Acreditava-se que Budai era a encarnação do bodhisattva
Maitreya, discípulo iluminado de Buda cuja missão
é levar os ensinamentos religiosos aos homens. Hotei
é, portanto, a integração desses dois monges,
representado com uma barriga proeminente, e tem consigo um grande
saco e um leque (ôgui).
Jurôjin deus da Longevidade. Sua origem
é chinesa e ele é representado por um idoso de
testa alta segurando uma bengala em cuja extremidade há
um pergaminho (makimono). Este pergaminho simboliza a divulgação
do Conhecimento. Em uma das mãos, Jurôjin segura
um leque (ôgui). Dizem que um cervo sempre o acompanha
em suas andanças.
As divindades também são representadas dentro
de um barco repleto de tesouros (takarabunê). Acredita-se
que elas viajam para a Terra com o intuito de lembrar aos homens
as sete condições físicas e morais para
atrair e alcançar a verdadeira felicidade: Amor, Respeito,
Poder, Prosperidade, Integridade, Fartura, Boa reputação,
Saúde e Longevidade. Por isso, a prática de realizar
visitas aos templos dos sete deuses no período do ano-novo
para atrair bons fluidos é mantida até hoje no
Japão.