Fotos:
Divulgação / Arquivo NB
Presume-se que atualmente o número de praticantes de
shogui no Japão seja superior a 15 milhões de
pessoas. O shogui é muitas vezes superior ao xadrez em
sua complexidade e dizem que o jogo programado pelo computador
ainda não se equiparou à competição
humana. No dia 17 de dezembro, é comemorado o Dia do
Shogui.
A
origem do shogui
A Índia anterior a Cristo é tida como o local
de origem desse jogo. Dizem tratar-se de um jogo de dados chamado
de charatonga. Este jogo migrou para o Ocidente, dando origem
ao xadrez ocidental, e foi transmitido para China onde originou
o chanchi; tornou-se changi na Coréia e presume-se que
tenha chegado ao Japão, originando o shogui.
Shogui
japonês
As peças eram, inicialmente, similares às do xadrez,
tendo o formato de um cubo, e mais tarde foram substituídas
por peças de madeira, com espessura fina e inscrições
em ideograma. O número de peças, bem como a forma
de utilizá-las eram variados. Os atuais tipos de peças
e a quantidade (40 peças) foram definidos por volta da
Era Muromachi (13331573). Durante a Era Edo, o governo
feudal de Tokugawa criou o shogui dokoro, um sistema patrocinado
que possibilitava às três famílias
a principal, Ohashi; sua ramificação, fundada
por Ohashi Soukei (15551634), na época a maior
autoridade no assunto; e também a família Ito
a prática desse esporte, contribuindo para o seu
desenvolvimento e difusão.
Durante
a Era Edo, não houve guerras, e o jogo tornou-se um atrativo
não somente para nobres e soldados, como também
para populares, até o fim do governo feudal. Entretanto,
após a Revolução Meiji, o shogui decaiu,
devido à turbulência política. O sistema
de iemoto (sistema tradicional de perpetuação
do jogo ao longo das gerações), adotado no governo
Tokugawa, foi extinto por não se adequar à era
moderna. Com a divulgação do shogui pelos jornais
da Era Meiji, o jogo tornou a adquirir popularidade. Em 1962,
iniciou-se a transmissão de partidas de shogui pela televisão
e, em 1973, foi permitido nas escolas públicas de ensino
fundamental avançado e, no ano seguinte, também
nas de ensino secundário a prática de shogui como
atividade extra-curricular (kurabu katsudou), aumentando o número
de jovens praticantes.
O
tabuleiro e as peças
O tabuleiro mais nobre é aquele feito de kaya (colmo),
mas normalmente se utiliza o de katsura (espécie de árvore
japonesa). As dimensões são de 33,3 cm de largura
por 36,4 cm de comprimento. Não há limitação
da altura, mas dizem que os tabuleiros atuais são mais
altos. O tabuleiro é quadriculado de forma a ter 81 casas
(9 colunas horizontais e 9 verticais). As peças em formato
pentagonal são, de preferência, de tsuge (buxo),
e as mais comuns são de tsubaki (camélia), maki
(podocarpo), yanagi (salgueiro) e outros.
O
município de Tendo, província de Yamagata, é
conhecido como produtor de peças de shogui, desde o final
da Era Edo. A partir dos anos 60, tornou-se possível
adquirir peças confeccionadas em plástico por
preços mais acessíveis. Os tipos de peças
são: oushou (rei-1) = o jogo termina quando se perde
esta peça; kinshou (2), ginshou (2), keima (2), kyousha
(2), hisha (1), kakugyou (1) e fuyou (9), totalizando 40 peças,
mas é possível tomar as peças do adversário
e incluí-las no próprio arsenal. Semelhante ao
xadrez, o grande objetivo do shogui é capturar o rei
adversário. Quando isso acontece, o jogador diz oute!
Presente
para nascimento
Atualmente, está em voga oferecer, na ocasião
de nascimento do bebê, um objeto decorativo com o formato
de peça de shogui, com a inscrição de oushou
(rei) na frente e a data de nascimento da criança atrás,
desejando que ela cresça forte, saudável e inteligente
como os atributos daquela peça de shogui. Mesmo para
o rei que atua sobre o tabuleiro, há momentos de glória
e também as inevitáveis derrotas. Isso se parece
exatamente com o jogo da vida humana.
O
shogui no Brasil
No círculo dos descendentes de japoneses no Brasil, os
praticantes de shogui reuniram-se fundando uma associação
para seu aprimoramento (Associação Brasileira
de Shogui tel.: 11 3209-7687). Constituída por
cem membros, dentre os quais duas ou três mulheres e uns
poucos jovens, a média de idade de seus participantes
está acima de 70 anos e a anuidade custa R$ 200. São
realizadas quatro competições ao ano. Está
sendo atualmente estudada a possibilidade de divulgar o esporte
entre os não descendentes, entretanto tal idéia
tem encontrado dificuldades. O maior grau alcançado no
Brasil é de roku-dan (sexto grau). Aqui vai uma sugestão
aos caros leitores para aprenderem shogui. Há muitos
benefícios: o jogo libera o estresse e previne a esclerose,
pois exige raciocínio. O shogui pode ter um efeito colateral:
não conseguir mais parar.