PERSEVERANÇA - O desejo de Sadako era dobrar mil
tsurus para ficar sadia e correr novamente
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Fotos:
Divulgação / Arquivo NB
No dia 6 de agosto de 1945, logo ao amanhecer, foi lançada
sobre Hiroshima a primeira bomba atômica da história
da humanidade, tirando de uma só vez as vidas de cerca
de 250 mil pessoas.
Num
canto da atual Praça da Paz, há um monumento de
9 metros de altura de uma menina levantando em suas mãos
uma grande cegonha (tsuru). Esta estátua teve como modelo
Sadako Sasaki, uma menina que faleceu aos 12 anos de idade,
em conseqüência dos efeitos causados pela exposição
à radiação da bomba atômica.
Sadako
Antes
do término da guerra, no Japão, os homens adultos
eram todos convocados para servir ao exército e, a partir
dos que estudavam no chuugaku (a primeira série do chuugaku
corresponde à nossa 7ª série), todos eram
convocados para trabalho não remunerado em fábricas
de armamentos e outros fins. A partir da 3ª série
do shoogaku (ensino fundamental) as crianças eram retiradas
das cidades grandes para viver com parentes no interior, ficando
nas metrópoles somente mulheres e idosos.
Havia
escassez de alimentos e víveres em geral, mas todos suportavam
isso, tendo em mente o pensamento: Não vou ter
vontade, até que vençamos. Presume-se que
em Hiroshima, cidade onde tinham instalações bélicas,
havia cerca de 350 mil pessoas entre militares e pessoas relacionadas
ao exército, e também trabalhadores chineses e
coreanos em regime forçado.
Quando
foi lançada a bomba atômica, Sadako Sasaki contava
com 2 anos de idade. A família Sasaki, que residia a
1,4 km do epicentro da explosão, teve 12 vítimas.
Felizmente, Sadako cresceu com saúde e, no ensino fundamental,
demonstrava habilidade esportiva, atuando sempre como corredora
de revezamento. Mas, aos 11 anos, a menina começou a
apresentar sintomas como febre e dores nas articulações,
sendo submetida a exames que revelaram leucemia, adquirida em
conseqüência da exposição às
radiações da bomba atômica. Ela anotou o
seu índice de glóbulos brancos e observava as
crianças ao seu redor que iam morrendo. A partir daí,
Sadako começou a fazer tsurus em dobradura de papel.
Ela ouviu falar que, dobrando mil tsurus, o seu desejo seria
realizado. Seu desejo sincero era de ficar sadia e correr
novamente. Infelizmente, o seu objetivo não foi
alcançado, vindo a falecer em 25 de outubro de 1955.
A história de Sadako foi transformada em livros, vídeos,
desenhos animados e canções, que foram divulgados
no mundo todo. Com a bomba atômica, 2 mil a 6.500 mil
crianças (não se sabe o número exato) ficaram
órfãs da bomba atômica.
O
monumento
HOMENAGEM - A estátua de Sadako Sasaki, que faleceu
aos 12 anos, em conseqüência dos efeitos causados
pela radiação da bomba atômica, está
localizada na Praça da Paz
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Com
a morte de Sadako, partiu dos colegas de classe uma mobilização
para não deixar que a morte da colega ficasse em vão.
Esse sentimento condensou-se em forma do monumento da Criança
e a Bomba Atômica. Na angariação do
fundo para sua construção, contribuíram
3 mil escolas de todo o país. O monumento foi inaugurado
em 5 de maio de 1958, no Dia das Crianças. Na pedra de
base, está gravada a seguinte mensagem:
Este
é o nosso grito. Esta é a nossa oração.
Para que o mundo construa a Paz Mundial.
Todo
ano, um grande número de dobraduras de tsuru é
enviado do mundo todo para este monumento. No Projeto
400 mil Senbazuru (conjunto de mil tsurus) foram contabilizadas
nada menos que 800 mil dobraduras. Este ato encerra o desejo
de transmitir às crianças o horror da bomba atômica
e a tolice que representa a produção de armas
nucleares.
Doenças
em conseqüência da radiação
Mesmo
atualmente, decorridos 60 anos após o lançamento
da bomba atômica, muitas vítimas e seus filhos,
até mesmo os netos, sofrem de males como leucemias, quelóides,
tipos de câncer como o de glândula tireóide,
mama, pulmão, etc. Também nasceram crianças
com um problema denominado microencefalia.