Fotos:
Divulgação / Arquivo NB
No
dia 29 deste mês será realizado, no salão
nobre da Sociedade Brasileira de Cultura Japonesa (Bunkyo),
a apresentação da Liga Brasileira de Wadaiko (tambor
japonês). Cerca de 30 equipes, não só de
jovens e crianças, mas também de senhoras da terceira
idade, irão apresentar as suas habilidades.
No
Japão atual, apresentações de wadaiko são
utilizadas também para reativar vilas que tendem a ser
abandonadas, e o wadaiko continua sendo a grande febre nos festivais
que permitem a participação do público.
Aqui no Brasil, o wadaiko tornou-se conhecido em 1988, com a
vinda do Kodo, um grupo de wadaiko mundialmente renomado, a
convite da Fundação Japão, o qual contagiou
um grande público.
Após
isso, nikkeis e brasileiros passaram a apreciar juntos, de forma
constante, esta arte que inicialmente causou uma grande sensação.
Temos também especialistas no assunto enviados pela Jica.
Transpirar movimentando-se ao forte ritmo do wadaiko é
ideal para a saúde e para dissipar o estresse.
Wadaiko
como uma nova forma de arte
Desde
o século III até o V, foram escavados dos antigos
sepulcros inúmeros haniwa (amuletos em forma de bonecos)
enterrados junto aos mortos e que portavam o taikô. O
instrumento era utilizado para expulsar os maus espíritos
nas cerimônias reigiosas, tocar os pássaros que
prejudicavam a plantação de arroz, assustar os
inimigos nas batalhas, etc. O taikô também passou
a ser utilizado em artes regionais, como por exemplo imitando
o som do trovão em festivais pedindo chuva. Na modernidade,
foi amplamente utilizado como instrumento para anunciar horas,
em artes cênicas como teatro Nô ou Kabuki, em minyô
(canções típicas regionais), nas lutas
de sumô (modalidade de luta) e em brincadeiras de crianças.
Nos
anos 60, o taikô foi reativado como uma modalidade artística.
Inúmeros grupos de taikô surgiram, sendo os mais
conhecidos o Ondekoza, o Kodo, entre outros. Esta arte gerou
um artista mundialmente conhecido: Hayashi Eitetsu. Sua apresentação
em conjunto com a orquestra de Berlim foi o marco para iniciar
apresentações juntamente com músicos do
mundo inteiro. Ele busca novas técnicas de taikô
e faz também composições; é um desbravador,
que abriu novos horizontes para esta arte.
O
que o wadaiko tem de tão atraente? Matsuoka Seigo, um
estudioso da cultura japonesa, diz: Dentro das suas apresentações,
há o molde da cultura japonesa. Trata-se da harmonia,
da dedicação, da homogeneidade, etc.. Em
outras palavras, a beleza e a força da percussão
do taikô, o movimento sincronizado dos membros, a seriedade,
as vestes chamadas happi, com designs modernos, tudo isso possui
algo de diferente das apresentações de instrumentos
de percussão ocidentais. O som do taikô que ecoa
no corpo parece transportar-nos para o mundo pré-histórico
e dizem que o seu ritmo é igual ao que ouvimos ainda
no ventre materno.
A
confecção do taikô
O
instrumento tsuzumi, que mais tarde originou o taikô,
era feito com cilindros de bambu, o que originou a denominação
tsutsumi ( , objeto de bambu) e que mais tarde tornou-se tsutsumi
, tambor. Mais tarde, foram utilizados troncos de cerejeira,
dos quais retiravam-se a parte do meio e cobriam os dois lados
abertos com pele de macaco.
Atualmente,
o mais utilizado é o couro bovino. Para a estrutura do
instrumento, são utilizadas madeiras duras como a altaneira.
Dizem que o mais comum é pregar o couro diretamente na
estrutura utilizando percevejos. O taikô é utilizado
em cerimônias de cada região e para apresentações
musicais.