(Fotos:
Reprodução/Divulgação)
Amplamente
utilizado sob formas e funções variadas, o material
é conhecido entre os japoneses desde a época Yayoi,
por volta de 300 AC. Além de biidoro, a palavra gyaman
(do alemão diamant) também referia-se às
qualidades do vidro. Nos dias de hoje, outra palavra estrangeira
está relacionada ao produto: garassu, do inglês,
glass.
No
Japão, Kyushu e Quioto foram as regiões de maior
concentração de objetos do gênero encontrados
em épocas antigas. Além delas, Osaka destaca-se
pela descoberta de uma cumbuca em vidro no túmulo do imperador
Ankan (531-535), confirmando ainda mais a utilização
do material.
Em
Shôsô-in, tesouro dos objetos artesanais do Período
Nara (710-794), seis peças de vidro mantiveram seu estado
de conservação. Entre eles, uma cumbuca e uma pequena
mesa, ambas de tonalidade branca. O curioso é que, para
os pesquisadores, as características dessas peças
são semelhantes a um grande número de outras encontradas
na região de Gilan, ao norte do Irã. A conclusão,
segundo estudiosos, leva a suposição de que os objetos
encontrados no Japão antigo entraram no país como
resultado de uma troca de mercadorias entre o Oriente e o Ocidente.
Depois
disso, o vidro quase desaparece do cenário japonês,
com exceção de alguns produtos vindos da China.
Foi preciso muito tempo para que técnicas de fabricação
se implantassem no Japão. Para alguns, não há
traços evidentes da introdução de utensílios
feitos de vidro no cotidiano nipônico - o que se explicaria
pela característica de natureza fria do vidro,-
não correspondendo à preferência dos japoneses
pelos materiais macios e agradáveis ao toque.
Já
no Período Edo (1603-1868), o Japão adota finalmente
os objetos de vidro importados da China e da Europa e, ao assimiliar
a técnica de fabricação, torna-se capaz de
produzir. Nessa época o vidro era chamado de biidoro (
do português), ou ainda, gyaman (do alemão). A partir
daí, ele é considerado como um elemento representativo
da cultura ocidental.
A produção
de vidro iniciou-se em Nagasaki por volta de 1676. Expandiu-se
para Osaka, Quioto e Edo (atual Tóquio) e aos poucos, sua
utilização encorporou-se ao cotidiano.
As
primeiras fabricações de vidro cotinham uma considerável
proporção de chumbo, tinham espessura fina e eram
delicados. Só na primeira metade do século XIX,
em Edo, houve o surgimento de algumas gravuras.
Na
Era Moderna, graças aos progressos da industrialização
incentivados pelo governo de Meiji (1868-1912), o vidro é
fabricado para ser utilizado em arquitetura. A composição
das matérias-primas também se transforma, passando
para o silício, seguindo os moldes europeus. Daí
em diante, diversas técnicas são importadas, inclusive
às dos vitrais. Através das inovações,
a fabricação atinge um progresso espetacular e as
bases técnicas do artesanato moderno começam a se
impor.
Simultamente,
os objetos em vidro (mesmo os mais comuns e utilizados no dia-a-dia),
começam a ser reconhecidos como obras de arte. Logo na
Era Showa (1926-1989), os artesãos especializados em obras
de vidro ganham importância e respeito. Os pioneiros são
Tohichi Iwata (1893-1980) e Kozo Kagami (1896-1985).
Atualmente,
os vidros produzidos no Japão são realizados pelas
segunda e terceira gerações dos primeiros mestres
na arte. Suas obras continuam sendo fabricadas artesanalmente
e apreciadas no mundo inteiro.
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