(Fotos:
Reprodução/Divulgação)
As
invasões da Coréia realizadas no final do século
16 pelas tropas do líder militar Hideyoshi Toyotomi, que
então dominava o Japão, possibilitou um contato
direto dos nipônicos com a excelência da cerâmica
coreana, que já era apreciada neste país pela técnica
superior de fabricação, em especial, a delicada
vitrificação.
O chefe
feudal Nabeshima, que também participara da invasão,
forçou o mestre coreano Ri Sampei e seu grupo de ceramista
a vir ao Japão exercer a sua arte. Conta-se que o mestre
coreano descobriu um grande depósito de caulim (argila
branca) na montanha Izumi, na cidade de Arita, da atual província
de Saga, e a partir desse fato começaria pela primeira
vez a produção de porcelana branca no Japão,
que logo passou a ser comercializada para os outros clãs
feudais e também a ser exportada para outros países.
Essa
produção era escoada pelo porto de Imari, próximo
à região fabricante e, por tal razão, a porcelana
de Arita passou a ser denominada de Imari. Já as procelanas
de Arita produzidas no século 17 e 18 são especialmente
chamadas de Ko-Imari (Imari Antiga).
Durante
o período em que o Japão manteve-se fechado à
relação com outras nações, a partir
de 1653, apenas a China e a Holanda mantiveram intercâmbio
com o Japão através do porto de Dejima, em Nagasaki,
o único ponto em todo o arquipélago que estava aberto
ao contato com estrangeiros, ainda assim restrito a esses dois
países.
Foi
por ali que uma enorme quantidade de porcelana de Arita foi exportada
para o Ocidente através da Companhia das Índias
Orientais Holandesa, que trazia especiarias e retornava com cerâmica
e outros produtos orientais muito apreciados, como também
a seda.
A partir
de meados do século 17, as disputas internas durante o
final da dinastia Ming criou dificuldades para manter relações
comerciais com a China e foi então que se intensificou
a importação da porcelana de Arita. Calcula-se que
cerca de 2 milhões de peças foram produzidas pelos
artesãos da pequena cidade japonesa exclusivamente para
serem exportadas para a Europa e outros países.
O que
elas possuem como característica diferencial é que
foram produzidas como modelo de exportação, isto
é, com padrões de forma e estilo de pintura de acordo
com as encomendas feitas pela companhia holandesa, de modo a agradar
os gostos requintados da nobreza ocidental da época. São,
justamente, algumas dessas peças exportadas para o Ocidente
e para alguns países asiáticos que foram resgatadas
pelo colecionador japonês Tohru Toguri, fundador e diretor
do Museu de Arte Toguri, que estarão participando da exposição
Umi wo Watatta Ko-Imari (Os Ko-Imari que atravessaram o mar) e
poderão ser vistas em Tóquio de outubro a dezembro.
MUSEU
DE ARTE TOGURI
O
Museu Toguri é de propriedade particular e nasceu do idealismo
de um aficionado colecionador de peças artísticas,
o construtor Tohru Toguri. Depois de presenciar o rápido
processo de ocidentalização e desenvolvimento industrial
que o Japão viveu após a Segunda Guerra, Toguri
ressentiu-se de que além das tradições, também
os objetos e utensílios usados pelas famílias através
das gerações, muitos deles de inestimável
valor artístico, estavam se perdendo ou sendo menosprezados
em função das imposições da nova era.
Foi
por tal razão que ele objetivou criar um local de exposição
com utensílios artesanais para mostrar às futuras
gerações o estilo de vida dos antepassados e começou
a adquirir e colecionar peças de valor artístico,
sonhando um dia poder expô-las ao público.
SAGA-ARITA
Um
dos mais famosos centros produtores de cerâmica do Japão
é a cidade de Arita. Cerca de 150 fabricantes estão
instaladas na região, onde trabalham mais de 6 mil artesãos
na produção não só de finas peças
artísticas, como também de infinidades de produtos
para uso diário.
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