(Fotos:
Fernando Nobu)
Para
alguns críticos, colher uma flor da natureza, cortá-la
e envolvê-la com um arame não pode ser considerado
Ikebana. Para eles, Ikebana é a forma natural com que as
flores se encontram na natureza. Mas isso é uma opinião
de quem não entende o que é beleza. É lógico
que as flores na natureza são bonitas. Mas a prática
do ikebana é transformar a flor em um objeto mais belo
e que tenha um sentido ideológico, comenta Masako Shiraki.
A
história do ikebana
A
prática de ikebana, a arte do arranjo floral, teve o seu
início com a dedicação de flores para Buda.
Em documentos antigos, estão registradas as oferendas de
flores de Lótus a Buda nas cerimônias realizadas
no Templo Todai. No livro Manyôshû estão catalogados
os nomes de 166 tipos de flores, como Hagi e Ume. Também
há dados confirmando que o ikebana servia como um tipo
de diversão para os moradores da Casa Imperial antes de
coquetéis (Zensai Awase) na Era Heian.
Ainda
nessa época, a Casa Imperial, em cerimônias, dedicava
flores para o templo Yakushi. A partir dessa tradição,
essa prática passou a ser denominada de Hanaeshiki com
as pessoas passando a jogar flores artificiais em frente à
imagem de Buda. Na Era Muromachi, na casta dos nobres, havia uma
cerimônia chamada Hanaawase. Nela, os nobres faziam poemas
em uma sala decorada com pinturas e flores.
Com
a revolução Meiji, aspectos da cultura tradicional
japonesa, como a Ikebana e a cerimônia do chá, perderam
prestígio. Na Era Shôwa, especialmente depois da
guerra, no entanto, houve aumento da divulgação
da arte do ikebana independente do estilo.
Atualmente,
uma das profissões que conquistaram espaço é
a do Flower Designer. Sua função, mundialmente conhecida,
porém, está mais ligada à decoração
floral nas vitrines das lojas e nos diversos eventos do que na
criação do ikebana tradicional.
Existem
vários estilos de ikebana. Tatebana é o arranjo
floral no qual coloca-se uma planta verticalmente no meio do vaso.
Ao redor dela são fixadas outras flores de maneira a destacá-la.
Essa é a origem do ikebana que observamos em nossos dias
atuais.
O presente,
passado, futuro, as pessoas a terra e também o céu
são expressados através do estilo de ikebana conforme
a formação da flor e do galho utilizados. Isso é
uma forna profunda de se tentar achar o universo dentro da prática
de ikebana.
No
ikebana, é muito importante a relação entre
as flores e o vaso. Ao contrário do que se pensa, nem sempre
um vaso caro é o ideal para se fazer ikebana. Pode-se colocar,
por exemplo, um crisântemo branco em um cesta de bambu e
plantar rosas na garrafa de refrigerante. Apreciando-se um arranjo
floral adquire-se alegria, tranqüilidade e a vitalidade da
beleza da vida das flores.
Na
comunidade japonesa, há varias escolas de ikebana. Mas
essa arte não se restringe apenas aos nikkeis, sendo aberta
também para quem não tem ascendência japonesa.
A Aliança Cultural Brasil-Japão também oferece
aula de Ikebana nos estilos Ikenobô ou Sôgetsu. Você
não gostaria de experimentar a pratica de ikebana?
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