(Fotos:
Reprodução / Divulgação)
Apesar do dia 18 de junho de 1908 ser considerado o marco da imigração
japonesa no Brasil, com a vinda de 781 japoneses a bordo do navio
Kasato Maru, em Santos, nipônicos anteriormente já
haviam pisado em território brasileiro.
Em
1793, o navio Wakamiya Maru, que circundava o litoral do Japão,
naufragou e ficou à deriva, sendo arrastado pela correnteza
do mar durante sete meses. Os quatro tripulantes chegaram a uma
ilha do território russo e, em seguida, se deslocaram para
Irkutsk, uma das cidades do mesmo país.
O navio
de guerra da Rússia que se dirigia para o Oriente com esses
quatro tripulantes nipônicos é atingido por uma tempestade.
A tripulação faz uma escala, no dia 20 de dezembro
de 1803, no porto onde hoje se situa Florianópolis, em
Santa Catarina, a fim de reparar as avarias no navio. Há
dados indicando a permanência da embarcação
em território brasileiro até o dia 4 de fevereiro
do ano seguinte. Portanto, o fato deu-se há cerca de 100
anos antes da chegada do Kasatomaru. Acredita-se que esses quatro
tripulantes foram os primeiros japoneses a dar a volta ao mundo.
História da imigracão japonesa
pelo mundo
Depois
de um longo período de rompimento das relações
diplomáticas com vários países, que se iniciou
a partir do início da era Edo (1603-1867), finalmente o
governo japonês abriu as portas para os estrangeiros no
final de 1866. Em contrapartida, a partir dessa data até
o final da Segunda Guerra, durante 80 anos, o número de
japoneses que emigraram para outros países também
foi significativo. Viajaram para a América do Norte, América
Latina, sudeste da Ásia e Manshû (Nordeste da China)
410 mil, 240 mil, 90 mil e 270 mil pessoas, respectivamente. No
total, o contigente que deixou o país chegou à casa
de um milhão de emigrantes.
A partir
de 1904, depois da guerra entre Japão e Rússia,
os japoneses começam a emigrar para a Califórnia.
Porém, em 1924, os EUA proíbem a entrada no país.
Em conseqüência, os nipônicos começam
a buscar outros países para se instalar. Passaram a emigrar
para a América Latina, principalmente para o Brasil.
Imigrantes
no Brasil
Com
o descobrimento do Brasil em 1500, iniciou-se a imigração
européia para cá. Com a abolição da
escravidão em 1888, acelera-se ainda mais o fluxo de estrangeiros.
Em 1890, é proibida a entrada de asiáticos no País,
mas em 1892 essa situação é revertida e promulga-se
uma lei admitindo a entrada dos imigrantes orientais. No ano de
1895 Japão e Brasil firmam o Tratado de Amizade, Comércio
e Navegação, selando oficialmente relações
diplomáticas. Nessa época, o governo do Japão
cria o setor de emigração subordinado ao Ministério
do Exterior e estimula a saída dos japoneses do país.
Ryû
Mizuno, considerado um dos pioneiros no Brasil, pisou em solo
brasileiro em março de 1906 para inspecionar o país
a fim de verificar as condições para a vinda de
japoneses para cá. Na época, já havia um
certo ar de xenofobia. Um jornal, por exemplo, publicava a preocupação
da população sobre o crescente número de
estrangeiros de raça amarela.
Grande
parte dos imigrantes que foram alocados nas fazendas não
se acostumaram e mudaram-se para as cidades de São Paulo,
Santos ou emigraram para a Argentina. Mesmo diante dessa realidade,
nova leva de imigrantes chegou ao Brasil em junho de 1910 para
trabalhar nos cafezais no Estado de São Paulo.
Em
2000, completam-se 92 anos de história de imigração
japonesa no Brasil. Desde o início dessa trajetória,
a comunidade nikkei passou por várias transformações.
Estima-se que atualmente existam cerca de 2 milhões de
nikkeis, incluindo-se desde isseis (japoneses) até gosseis
(5ª geração). Também calcula-se que
o número de isseis seja de apenas 80 mil.
Os
nisseis e sanseis, filhos e netos de japoneses, respectivamente,
constituem mais da metade da população nikkei e
pertencem à classe média na sociedade brasileira.
Ultimamente,
observa-se o declínio do interesse dos nikkeis para com
os aspectos relacionados à comunidade. Um dos exemplos
é a redução do número de participantes
nos eventos realizados pela Sociedade Brasileira de Cultura Japonesa
(Bunkyo), kenjinkais e outras entidades. O interesse pela língua
japonesa também está em declínio. Entre os
mais pessimistas, circula a opinião de que a comunidade
nikkei sofrerá um colapso. Diante desse panorama, líderes
de entidades nikkeis pesquisam uma forma de transferir a cultura
e tradição japonesa para a próxima geração.
Um
dado positivo observado na história da imigração
é o fato de que muitos descendentes de japoneses estarem
exercendo posições de destaque dentro da sociedade,
na medicina e direito, por exemplo. Outro motivo de orgulho é
que vários aspectos da cultura japonesa, tais como culinária
e música, cada vez mais começam a ocupar seus lugares
na sociedade brasileira, ajudando dessa maneira na divulgação
dos costumes nipônicos no País.
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