(Fotos:
Reprodução / Divulgação)
Recentemente,
o dono de uma casa de banho público da província
de Hokkaido foi acusado de discriminação racial.
Ele teria negado o uso do estabelecimento por estrangeiros. Segundo
o proprietário, o motivo da recusa era o mal comportamento
dos estrangeiros, que acarretava na redução dos
freqüentadores do estabelecimento. Dizem que eles não
levavam em consideração algumas regras imprescindíveis
na hora do banho. O caso chamou atenção do público
e deixou escancarada a diferença cultural entre o povo
japonês e estrangeiro.
Ao
contrário da família brasileira, boa parte dos japoneses
tem banheira nas suas casas. Esse fato está associado à
ideologia sagrada através da qual os japoneses acreditam
que, ao relaxar numa boa imersão, podem purificar tanto
o seu corpo quanto o espírito. Dizem que no início
do século 7, o banho público instalado nos templos
era aberto para doentes e camadas inferiores da sociedade, sob
a concessão de Suiko, a primeira imperatriz do país.
Um
artigo da Taiheiki, uma história militar publicada no século
14, prova que existia já na idade média o banho
público com fins lucrativos. Mesmo assim, apenas depois
da idade moderna, com a chegada da era Edo, o banho público
tornou-se popular entre o povo japonês.
Hoje,
a expressão Furo-ya é conhecida como o banho público
em geral. Apesar disso, antigamente essa palavra indicava o banho
de vapor no qual as pessoas se trancavam num quarto onde se aqueciam
ao vapor da água. Por outro lado, a palavra Yuya era o
sinônimo de um estabelecimento onde o povo se imergia na
banheira cheia de água quente, dando origem ao banho público
de hoje. Com o decorrer do tempo, Yuya expandiu-se no país.
Na
era Edo, o banho público, além de ser um lugar onde
os japoneses vão tomar banho, também servia de local
de encontro para longos bate-papos. No segundo andar do estabelecimento,
os funcionários recepcionavam os freqüentadores oferecendo
bebida e comida. Além disso, o espaço era alugado
também para pessoas que praticavam os jogos de tábua
e aprendiam o arranjo floral.
Nessa
época ainda, os homens e as mulheres tomavam o banho juntos.
Com a invasão da cultura estrangeira depois da revolução
Meiji, instalou-se um divisor entre as áreas de banho masculino
e feminino.
No
início da mesma época, o banho público era
mais notável na região Kanto (Tóquio e estados
vizinhos) em comparação do região Kansai
(Osaka e estados vizinhos) e a taxa de entrada era aproximadamente
15sen (cerca de US$ 0.00128). As pessoas de Kansai preferiam tomar
banho com água morna ao contrário dos toquiotas,
que usavam águas extremamente quentes. A origem da palavra
Furo-shiki (tecido para embrulho) está relacionado com
um pano de chão onde as pessoas enxugavam os pés
ao saírem do banho.
Hoje,
vem decaindo o número de banhos públicos em Tóquio
devido a difusão da banheira nas residências. Mesmo
assim ainda existem alguns aficcionados que freqüentam os
estabelecimentos. Aqueles que resistem à modernidade, estão
instalando equipamentos de saúde e usando produtos químicos
compostos pelas mesmas substâncias contidas nos principais
balneários do Japão.
Para
estrangeiros, o banho público japonês pode parecer
pouco exótico. Os usuários têm que guardar
os seus sapatos num dos armários instalados na entrada
do estabelecimento. Assim que entrar no vestiário, vêem
uma cabine elevada ao seu lado onde o funcionário fica
supervisionando vestiários feminino e masculino.
Na
hora do banho, há algumas regras básicas que devem
ser respeitadas. Deve-se lavar e enxaguar bem o corpo ensaboado,
por exemplo. Muitos japoneses costumam apreciar o mural onde há
um quadro da típtica paisagem japonêsa como o Monte
Fuji enquanto relaxam numa boa imersão.
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