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Arquivo NippoBrasil - Edição 160 - 31 de maio a 6 de junho de 2001
 
Amagasa

(Fotos: Fundação Japão / Divulgação)

No Japão, as chuvas prolongadas do final de maio a junho são chamadas de tsuyu ou baiu (época em que florescem as ameixeiras). Antigamente, o tsuyu era indispensável à agricultura do país, principalmente aos arrozais. Hoje, pelo fato do Japão ser um país industrial, esse período de chuvas é um estorvo. A chuva insistente é sombria e o mofo prolifera.

Para proteger-nos da chuva pensamos em guarda-chuva e botas, mas no passado usava-se kasa (apesar de ter a mesma pronúncia que guarda-chuva, o ideograma é diferente), um chapéu para proteger-se da chuva, da neve e dos raios solares. Era feito com palha (do caule do arroz), bambu, cipreste japonês, pinheiro e cedro que eram cortados em tiras finas e trançados. Para proteger o corpo era utilizado o mino, capa de chuva de palha, utilizada também como uniforme de trabalho. Foi usado desde eras remotas. Na Era Meiji, com a entrada de chapéus vindos do Ocidente, e ainda com a popularização do chapéu de palha de trigo na Era Showa, seu uso tornou-se raro.

Havia também um chapéu com um cabo longo que era conhecido como karakasa. Há registros do séc. VI em que o Imperador da China enviou um karakasa de presente ao Imperador do Japão. Dizem que esse produto teve origem na Tailândia e Vietnã, passando pela China até chegar ao Japão. Até a chegada da Era Edo só era utilizada pela nobreza.

Na 2ª metade do séc. XVII, o jyanomekasa, sombrinha feita com papel e bambu, tornou-se bem popular. Era pintada a óleo, o que lhe dava características bem nipônicas. A tradução literal do jyanomekasa é guarda-chuva do olho da serpente, e a origem está na parte branca do centro que dizem lembrar o olho de uma enorme serpente.

No final do séc. XVIII, o jyanomekasa ficou bem estreito e a moda era andar com ela junto à cintura, após a chuva. Ainda os desenhos ilustrativos serviam para distinguir bem entre mestre e criado. Na Era Feudal os instrumentos usados eram diferentes de acordo com a classe à que pertenciam.

Na Era Edo, os guardas-chuvas não eram descartáveis como nos dias de hoje. Eram mandados para consertos várias vezes. Havia lojas de troca e compra de guarda-chuvas usados. Em Kioto as lojas trocavam e compravam panelas, além de guarda-chuvas.

Atualmente, com a ocidentalização, os guarda-chuvas são retráteis e variados para combinar com a roupa usada. As mulheres costumam usar bastante a sombrinha para protegerem-se dos raios solares. No Brasil há a preferência por mulheres bronzeadas mas no Japão são consideradas belas aquelas que tem a pele branca.

O jyanomekasa ainda é usado como um acessório às roupas tradicionais japonesas, como apetrecho nas danças (butou), nas cerimônias de chá ao ar livre e é enviado como presente nas cerimônias que celebram a longevidade, escrevem-se mensagens de congratulação e assina-se o guarda-chuva (kotobuki kasa). Os artesãos japoneses de guarda-chuva envelhecem e a produção tem diminuído bruscamente. Uma peça custa mais de 10 mil ienes. Já um similar chinês custa ¼. Um guarda-chuva comum custa entre 100 e 500 ienes. Mesmo em São Paulo pode-se encontrar guarda-chuvas baratos fabricados na China e Coréia. Nos dias de chuva é o objeto mais esquecido em ônibus e trens. Calcula-se que no Japão cada pessoas possua 4 ou 5 guarda-chuvas e é um acessório fashion em dias de chuva.

 
Kanji

*Esta página foi elaborada pelos professores da Aliança Cultural Brasil-Japão,
especialmente para o NIPPO-BRASIL.
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