(Fotos:
Fundação Japão / Divulgação)
No Brasil,
em junho, as festas juninas acontecem por todo o país.
A mais popular com certeza é a festa de Santo Antônio.
Santo Antônio é o santo preferido das mulheres, o
santo casamenteiro, o santo das relações amorosas.
Nessas festas da cultura popular brasileira há sempre o
casamento. No Japão também há
um deus das relações afetivas, mas não um
deus específico. Em qualquer templo há as orações
e pedidos para os enlaces.
A nível
mundial as mulheres têm estudado mais e o que se percebe
é que o número de mulheres que casa antes dos 20
anos se reduz proporcionalmente ao aumento do nível de
escolaridade. Atualmente elas preferem dedicar-se à carreira
do que ao lar para obterem a independência financeira. O
número de homens que se casam na idade ideal ou que casam
jovens também sofreu redução. O número
de mulheres que não pretendem casar-se mas pretendem uma
produção independente também aumentou.
Vejamos alguns
dados estatísticos. A idade média de casamento é
de 28,7 anos para o sexo masculino e de 26,8 anos para o feminino.
Em número de matrimônios por ano o pico foi de 1.100.000
em 1972, 782.000 em 1999 e 784.595 em 2000, uma média de
1 casamento a cada 40 segundos. O número de divórcios
foi de 100.000 em 1970, 250.538 em 1999 e no ano passado ficou
em 243.183, uma média de 1 divórcio a cada 2 minutos
e 10 segundos, média equivalente a de países europeus
como França e Holanda. O número de casamentos arranjados
(miai) era de 63% em 1955 reduzindo-se drasticamente para 7% em
1998.
Quando perguntado
sobre o que pensavam sobre o casamento os dados foram os seguintes:
Com o estabelecimento
da democracia após a guerra e de uma educação
menos rígida, os casamentos acordados entre famílias
e os casamentos arranjados decresceram e o casamento por amor
tornou-se o óbvio. No entanto, a figura do nakoudo (padrinho
casamenteiro) continuou praticamente inalterada. Esse costume
é antigo e há registros até no Kojiki, onde
o padrinho era chamado de nakahito. Sua função era
apresentar a vontade do noivo à família da noiva
e geralmente era parente do noivo.
Antigamente,
o casamento era diferente e os noivos iam morar com a família
da noiva (mukoirikon) mas com o passar dos tempos os costumes
mudaram e, na Era Medieval, época dos samurais, o casal
começou a morar longe ou com a família do noivo
(yomeirikon). Essa mudança, trouxe a necessidade de que
o nakoudo intermediasse tanto a família do noivo quanto
da noiva. Surgiram então dois tipos de nakoudo. Havia o
nakoudo que ficava responsável pelo entendimento entre
as partes e o outro era geralmente a pessoa de mais status na
família. Era sempre esperado que o nakoudo desse apoio
ao casal por um longo tempo.
Hoje
em dia pede-se a superiores ou veteranos no trabalho e a professores
que desempenhem a função de nakoudo. Seria o correspondente
no Brasil ao padrinho e madrinha, mas no Japão, essa função
é mais oficial e levada a sério. O nakoudo deve
ser uma pessoa respeitável, que não se incomode
em prestar auxílio aos outros, um exemplo de vida, e ter
uma vida matrimonial perfeita. Ser um conselheiro aos noivos que
iniciam sua nova vida. E caso o casamento acabe em divórcio,
é esperado que o nakoudo aja com calma e de maneira justa.
Na recepção,
o nakoudo é um convidado de honra e tem o dever de tranqüilizar
os recém-casados. É também o primeiro a falar
na festa. Suas palavras não devem ser longas mas sim alegres,
polidas e causar uma boa impressão aos presentes. Para
tanto ele deve colher informações sobre o casal
antecipadamente.
No Japão
dizem que você deve ser nakoudo três vezes na vida.
O matrimônio só existe porque houve alguém
que fez o papel de nakoudo, e para retribuir a esse fato devemos
fazer o mesmo papel para três jovens. No começo é
difícil pois não se pode levar em conta só
uma família e desprezar a opinião da outra. Ao contrário,
deve-se respeitar as vontades de ambos os lados e refletir bem.
Em uma família que mantém as tradições
o cuidado deve ser redobrado. O nakoudo deve ajudar a encontrar
um parceiro não só para os momentos de felicidade
mas também para os momentos de infortúnios e tristezas,
um parceiro para todo o sempre.
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