A professora
Mari Kanegae, do Grupo de Estudos de Origami(Geo), coordenou com
sucesso a Exposição de Origami Imigração
Japonesa, realizada na cidade de Tóquios e Hamamatsu.
Segundo a professora, os visitantes puderam não só
conhecer a história dos imigrantes mas também apreciar
e admirar as obras dessa arte clássica japonesa que expressa
tudo nos mínimos detalhes.
O evento foi
amplamente divulgado nos jornais regionais e nacionais, na Internet
e na televisão e mais de mil pessoas visitaram a exposição.
Adultos e crianças, alunos de escolas brasileiras participaram
da oficina de origami. Mas o que mais impressionou a professora
foi uma senhora japonesa de cadeira de rodas que prestava tanta
atenção que a impressão que se tinha era
a de que se levantaria a qualquer instante. Para a professora,
a exposição no Japão foi um sonho realizado
que trouxe-lhe muitas alegrias. Conhecer a grande perseverança
dos imigrantes foi de grande valia e incentivo aos trabalhadores
brasileiros que encontram-se no Japão.
A integração
humana através do origami é o maior desejo. Deixar
as obras no país da cerejeira foi um fato árduo
para a professora, quase como ter abandonado um filho. Mas um
alívio ao saber que o acervo será guardado e protegido
pela JICA.
O
ambiente das exposições não se restringia
somente às dobraduras de papel, mas a representação
de um pequeno universo. O tema imigração, o uso
de uma técnica relacionada à terra natal de nossos
ancestrais trouxe à tona uma diversidade expressiva que
toca fundo no coração. Os sentimentos contidos,
mesmo na dobradura mais simples, trazem à tona um sentimento
quase esquecido. Esperamos com ansiedade a reprodução
através de dobraduras do Sítio do Pica-Pau
Amarelo de Monteiro Lobato. Obras capazes de despertar o
interesse pelo Brasil, que permitam a compreensão do cotidiano
do país, que incitem o desejo de visitar a nossa terra.
Arte
criativa
O origami
não é só uma tradição, diz
a professora. Mas sim algo muito mais profundo. Hoje é
usado em terapias hospitalares e no ensino e compreensão
da Matemática. No campo artístico, o origami está
sendo revisto como uma arte criativa. Todos os anos são
realizados concursos de origami nos Estados Unidos, Inglaterra,
Alemanha e Itália entre outros países, e a arte
continua a florescer. Dobraduras mais criativas surgem no mundo
muito mais que no Japão do origami tradicional. E é
importante que os direitos intelectuais do criador de uma nova
dobradura sejam preservados tal como na música ou na pintura.
Copiar uma dobradura é muito fácil.
Como todos
sabem, o papel era um artigo precioso no passado remoto, tanto
no Ocidente quanto no Oriente. A técnica de produção
do papel veio da China. No início era mais utilizado em
cerimônias de cunho religoso, como do shintoísmo
e do budismo. Por exemplo, no Yorishiro, ainda usado nos dias
de hoje, um símbolo utilizado para marcar os locais onde
Deus surgiu em terra. Também era usado para exorcizar os
maus espíritos.
Origem
O origami
como fins de lazer só surgiu no séc. 18. O livro
Senba Tsuru Orikata (Como dobrar as mil cegonhas)
foi publicado em 1797. A origem etimológica da palavra
é interessante. Inicialmente servia para designar um papel
dobrado ao meio onde eram preservados papéis oficiais,
listas de presentes e certificados de autenticidade (de espadas
e antigüidades entre outros). A palavra origami, com o significado
atual, surgiu pela primeira vez no livro Kan no Mado,
publicado em 1845.
Desde tempos
remotos a dobradura da cegonha tem o significado de longevidade,
felicidade e paz. Em especial, o Senba Tsuru (mil
cegonhas), que é dobrado com o desejo de recuperação
de um doente ou de um desejo especial.
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