Fotos:
Divulgação
O buyou (dança)
origina-se da reverência a divindades, das preces, como
em qualquer parte do mundo. Os povos de toda a parte têm
danças específicas para as passagens importantes
da vida, como nascimento, casamento e morte, ou atividades periódicas,
como época de semeadura, de chuvas e de colheitas e ainda
de guerras e também de paz. Atualmente, não se dança
em homenagem a Deus como antigamente. Em compensação,
há mais danças artísticas e criativas. As
danças dionisíacas são uma imitação
da dança a Deus, dizem.
A palavra
buyou é formada de dois ideogramas Mai e Odori, e ambos
têm o mesmo significado: dançar. Mas, segundo o estudioso
da língua japonesa Shinobu Origuchi, Mai tem o significado
de vagar, de vaguear, pisando o chão num espaço
determinado. Já odori está mais para pular, representando
os movimentos de demônios e espíritos. O kabuki,
mais apreciado pela plebe, começou a popularizar-se no
século 17 (Era Edo) e foi baseado no teatro Nô, mais
voltado à classe aristocrática, da Era Média.
E ainda há o Mai, uma dança simplificada dos dois
estilos anteriores praticada principalmente na região de
Kyoto e Osaka.
Comparando-se
a dança ocidental com a japonesa observa-se que a segunda
centra-se principalmente na expressão corporal, enquanto
o estilo ocidental privilegia os pés, os passos de dança.
Cada expressão corporal tem significado próprio
e está relacionado com as vozes, a letra da música
e a literatura. Transformar as palavras em movimento, essa é
a ordem da dança japonesa. Já no estilo ocidental,
não há significado próprio em cada passo,
que se relaciona com a melodia. Os movimentos são abertos.
Infla-se o peito, os braços e as pernas são estendidos
ao limite, distanciando-se do corpo, gira-se, cruza-se os ares,
expandindo tanto o corpo quanto a alma. A dança japonesa
é mais contida. Os braços e pernas são mantidos
próximos ao corpo e dança-se na mesma posição.
Corpo e alma são ocultos dentro de si. Uma outra característica
é o uso de pequenos objetos, como leques e toalhas de rosto.
Já na dança do Minyou (canção folclórica)
o tempo da dança é ajustado aos movimentos do cotidiano,
músicas de pescadores têm o ritmo do movimento de
puxar uma rede de pesca, as de agricultores têm o ritmo
dos trabalhos da plantação.
Alguns estudiosos
chegam a dividir em dois estilos: o estilo aberto, relacionado
aos povos nômades e o estilo contido, aos povos agrícolas.
Após
a Restauração Meiji houve um declínio do
buyou, mas hoje há mais de 100 tipos de escolas. Algumas
com muitos discípulos como o Hanayagi-ha, Fujima-ha, Nishakawa-ha.
A princesa Sayanomiya é uma excelente dançarina.
No Brasil, entre os membros da colônia japonesa há
muitos simpatizantes do buyou, mas o kimono (vestimenta japonesa),
peruca, acessórios e apetrechos de palco são trazidos
do Japão, o gasto é bem significativo. Os mestres
japoneses dessa arte têm-se esforçado para sua continuidade,
dedicando-se arduamente à transmissão do buyou.
|