Fotos: Divulgação
Dizem
que, como conseqüência do ataque terrorista aos Estados
Unidos que abalou o mundo inteiro, muitas pessoas estão
cancelando suas viagens. É claro que existem aquelas que
nem sequer podem pensar em viagens.
Mas
desde quando o povo japonês passou a poder apreciar os prazeres
de uma viagem? Foi a partir do início do século
17, quando as agitações da guerra se acalmaram e
surgiu o governo feudal do clã Tokugawa. Havia na classe
dos guerreiros um sistema de rodízio chamado sankin kootai,
em que permaneciam por cerca de um ano prestando serviços
ao governo feudal de Edo (na época, a capital),e após
esse período, retornavam ao seu feudo para governar. Os
comerciantes, por sua vez, viajavam pelo país todo para
vender seus produtos. E quanto às viagens dos populares?
Em primeiro lugar, as pessoas viajavam para visitar templos. Centenas
de milhares de pessoas deslocavam-se para visitar locais como
o Templo Xintoísta de Ise (Província de Mie), o
konpira (Província de Kagawa, em Shikoku) ou o Templo Budista
Zenkoji (Província de Nagano). E nessas viagens havia outras
atrações, como repousos em termas.
Como
eram os hotéis
Dia
9 de novembro é o Dia do Hotel. Em qualquer país
há hotéis de todos os níveis, desde os cinco-estrelas
até os albergues. E onde se hospedavam os viajantes antigamente?
Primeiramente, havia os correspondentes aos nossos hotéis
cinco-estrelas que se chamavam Jinya. Eram instalações
utilizadas pelos daimiôs, altos funcionários públicos
e nobres. Possuíam um portal, tratando-se de imponentes
construções no estilo shoinzukuri. Os daimiôs
encostavam suas liteiras na entrada das hospedarias, de modo que
não pisavam em terra sem calçamento para entrar.
Os proprietários de Jinya eram pessoas poderosas
da região, muitos deles com sobrenome e permissão
para portar espada.
E quanto
à população que não possuía
condições financeiras? Atualmente, as hospedarias
oferecem duas refeições por dia, mas no início
da Era Edo, não havia instalações para tanto.
Portanto, os viajantes precisavam levar seus mantimentos ou comprá-los
no local e preparar as próprias refeições.
Chamavam-se Kichinyado as hospedarias que permitiam que
seus hóspedes cozinhassem mediante pagamento de taxas para
obtenção de lenha. Com a expansão da prática
de viajar, aumentaram muitas hospedarias que ofereciam refeições
comuns, e estas eram chamadas de Hatago. Paralelamente, os Kichinyado
de baixo custo continuavam a operar devido às necessidades
dos viajantes pobres e saltimbancos. O filme Ame Agaru
(Depois da Chuva, 1999), o último roteiro de
Akira Kurosawa (dirigido por seu assistente Takashi Koizumi depois
da morte de Kurosawa), tem como cenário um autêntico
Kichinyado.
Na
segunda metade da Era Edo cresceu o número de populares
que viajavam, ampliando, assim, os locais de hospedagem, o que
ocasionou aliciações de hóspedes, serviços
de bebidas alcoólicas, jogos de azar etc. Instalações
confiáveis nas quais a população, principalmente
as mulheres, pudesse hospedar-se com tranqüilidade passaram
a ser necessárias. Para atender a essas necessidades, os
comerciantes de Osaka deram início ao Naniwakoo, em 1804:
eram identificadas com placas de Naniwakoo as hospedarias selecionadas
que não permitiam a presença de aliciadores, bebidas
e jogos de azar. Assim, as hospedarias que ostentassem tal placa
asseguravam tranqüilidade.
Diferença
de estilos
Atualmente,
está diminuindo drasticamente o número de hospedarias
em estilo genuinamente japonês, pressionadas pela falta
de mão-de-obra. Outro motivo dessa queda é que os
hotéis são mais cômodos para os hóspedes
que já estão acostumados aos hábitos de vida
ocidentais. Também as diárias das hospedarias tradicionais
genuinamente japonesas são extremamente caras. Para estrangeiros,
as hospedarias japonesas causam a impressão de falta de
privacidade. Não há chaves nas portas corrediças.
Muitos hotéis adotam portas ocidentais com designs em estilo
japonês por dentro. Os banhos coletivos em termas também
causam estranheza, apesar de já estarem separados em alas
feminina e masculina.
Há
ainda como opções de hospedagem os minshuku (hospedarias
administradas por famílias, um tipo de pensão),
e também alojamentos administrados pelo governo e entidades
públicas regionais.
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