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Livros do final do século 19: o detalhe ao lado mostra
a conhecida encadernação chinesa, feita com
linha
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Fotos: Divulgação
/ Arquivo NB
Dia
23 de novembro é o Dia Mundial do Livro. O atual formato
do livro só foi possível com a invenção
do método de fabricação do papel pela China
no início do século 2, e com a invenção
da impressora pelo Gutemberg em meados do século 15. Naturalmente,
mesmo antes disso haviam registros escritos desde que a escrita
foi inventada. Dizem que no Japão a escrita (kanji) foi
introduzida na China na segunda metade do século 6, por
meio de livros do budismo, e o método de fabricação
do papel, segundo registros oficiais, chegou da China no início
do século 7 passando por Coréia. O papel japonês
tem durabilidade maior que o papel ocidental, assim, ainda estão
conservados os registros governamentais de 1.200 anos atrás.
Antes
da invenção do papel, escreviam-se em madeira ou
bambu. Eram utilizadas peças de bambu chamadas de kan com
25 a 75 cm, onde eram escritas cerca de 8 a 30 letras e com 90
cm2 onde cabiam cerca de 30 a 90 letras. Para registrar volumes
acima disso, amarrava-se várias peças de kan com
tiras de couro.
No
Período Nara, foi introduzida na China a impressão
com tipos de madeira, com os quais foram impressos os livros budistas.
No entanto, o método não se difundiu devido ao fato
de que, tecnicamente, a transcrição manual era mais
econômica. O método consistia em esculpir as letras
escritas numa tábua de madeira, como se fosse uma versão
escrita de ukiyo-e. Os livros ora eram em forma de roloss ora
dobrados (em forma de livros), e foram criadas formas de encadernação
no estilo próprio dos japoneses.
Modernidade
A
técnica moderna de impressão foi proporcionada pelos
jesuítas portugueses em 1590. Durante um período
de 20 anos, foram impressos livros para divulgação
do Cristianismo com a utilização dos tipos em bronze,
principalmente na região de Kyushu. Entretanto, com a ordem
de expulsão dos cristãos, essas bibliografias foram
queimadas. Na mesma época, Toyotomi Hideyoshi apossou-se
de uma impressora em bronze, resultado da conquista da Coréia,
mas esta técnica não se difundiu por motivos econômicos.
Como havia necessidade de fabricar dezenas de milhares de tipos,
mesmo durante o Período Edo, só eram utilizados
os métodos de matrizes em madeira. Os assuntos dos livros
consistiam em Budismo, filosofia chinesa, poemas chineses e livros
de leitura com poucas letras e grandes ilustrações
para poderem ser lidos mesmo por crianças e mulheres, antologias
dos grupos de poetas de poesia japonesa, haicai etc. As edições
dos livros budistas eram patrocinadas por grandes templos. Mesmo
hoje, as edições originais estão conservadas.
Assim, havia uma clara distinção com estas e as
editoras que produziam livros de filosofia, livros técnicos
e ainda livros voltados para a população em geral.
Proibições
A
censura também era rigorosa; assim, quando foram editados
livros contendo críticas ao sistema feudal e ao governo
de Tokugawa, os autores foram condenados à pena de acorrentamento
das mãos e a editora, ao pagamento de multa e proibição
de edição.
Mercado
Os
livros eram artigos caros e, por isso, nem todos podiam adquiri-los.
A população em geral obtinha os livros emprestados
de locadoras por um preço acessível (preço
aproximado de uma porção de soba). A partir da Era
Meiji, o governo adquire conhecimentos sobre técnicas ocidentais
de impressão e passa a imprimir documentos públicos
e moedas de papel. Graças à educação
aplicada desde a Era Edo, o nível de alfabetização
é alto, e isso aliado ao hábito de leitura do povo,
a indústria da editoração possui um amplo
mercado.
Pensa-se
que com o surgimento do computador, as formas de editoração
sofrerão alterações, mas os livros nunca
haverão de desaparecer.
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