Orações
e pedidos para o ano que se inicia
Manhã do dia primeiro: visitas ao templo e orações
pela paz e saúde
Bem,
o ano novo (em japonês, oshogatsu) era a principal atividade
do calendário japonês, mas hoje em dia isso está
mudando. Um costume antigo que ainda hoje muitos praticam é
saborear soba (macarrão com caldo) enquanto ouvem o soar
das 108 badaladas dos sinos dos templos (segundo o Budismo, é
a quantidade dos desejos mundanos que o ser humano possui), e
na manhã do dia primeiro visitam os templos xintoístas
próximos às suas casas para orar pela saúde
dos familiares, parentes e aldeões e também pela
paz no decorrer do novo ano. Evidentemente, oram também
nos nichos e oratórios das respectivas residências
para cumprimentar seus antepassados. Na primeira visita do ano
aos templos, oferecem moedas, adquirem hamaya (flechas que eliminam
os maus fluidos da casa, antigamente eram usados como presentes
para meninos que passavam o seu primeiro ano novo), omamori (amuletos
com nomes de vários deuses, para proteção
individual ou da família) ou ema (figura de cavalo desenhada
numa pequena tábua de 14 X 9 cm, por ser o cavalo considerado
um ser sagrado, utilizado pelos deuses como cavalgadura) para
registrar ali os seus desejos. Também adquirem omikuji
para saber se terá sorte no ano, e caso o conteúdo
não seja muito bom, deixam os papéis amarrados nas
árvores do templo.
O
que a comida representa na virada do ano
Entre outras delícias, ovas de arenque e inhame: saúde
e felicidade
O cardápio
para festejar o ano novo é o ozooni e osechi ryori. No
final do ano ouviam-se os sons de socar moti em todas as casas.
Hoje já compra-se pronto nas lojas de departamentos ou
ainda fazem-nos em práticos e recém-inventados aparelhos
de socar moti. No Japão, por ser um país agrícola,
acreditava-se que moti feito a partir de arroz continha a força
divina. E ao comê-lo adquiria-se seus poderes espirituais.
Nos dias de hoje, muitos preferem passar o ano novo viajando para
o exterior ou dentro do próprio país, ou ainda em
estações de esqui. Assim, evitam as tarefas cansativas
de receber as visitas do ano novo. O osechi ryori é um
prato especial do ano novo (preparo que conservaria por três
dias, para que a dona de casa não precisasse ficar demasiadamente
atarefada). Utilizavam ingredientes que traziam saúde e
felicidade como, por exemplo, as ovas de arenque e inhame, que
dão em grande quantidade, era uma forma de desejar a prosperidade
dos descendentes. O feijão preto, que significava que se
trabalhasse com diligência, era uma iguaria cujo preparo
se ensinava de mãe para a filha em cada família.
Entretanto, com a mulher trabalhando fora, passou a ser comprado
pronto.
Dinheiro
para as crianças
Otoshidama: dinheiro dado pelos pais ou avôs
Depois
de saborear o ozooni (caldo com moti), as crianças recebem
o chamado otoshidama, ou dinheiro dado pelos avôs ou pais.
Entretanto, nos dias de hoje as crianças já não
se contentam com trocadinhos. Segundo dizem, há crianças
que cursam escolas primárias recebendo entre 50 e 100 mil
ienes como otoshidama. Parece que os japoneses se tornaram extravagantes
nos gastos após o período do grande desenvolvimento
econômico, mas após a queda da bolha econômica
parecem viver um clima de contenções de gastos.
Período
importante do calendário japonês
As
atividades marcadas no calendário deram ritmo às
vidas das pessoas, e eram momentos de comunicação
com as divindades e também entre as pessoas. Com a modernização,
o homem moderno, sempre muito ocupado, vê nessas atividades
somente uma oportunidade para descanso. É necessário
que se repense sobre a importância das atividades anuais
do calendário.
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