Em 1980, o príncipe Naruhito comemorou a maioridade
em cerimônia especial e foi coroado pela primeira
vez
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No Japão,
o dia 15 de janeiro é feriado nacional, chamado seijinshiki
(cerimônia da maioridade). É uma atividade peculiar
dos japoneses. Nenhum outro país, inclusive o Brasil, possui
uma data específica para comemorar a maioridade dos jovens.
Direitos
e deveres ao se completar 20 anos de idade
Nessa
data, as repartições das províncias, assim
como as de cada cidade, município e vila, reúnem
em edifícios públicos os jovens que acabaram de
completar 20 anos para melhor conscientizá-los do seu papel
como adultos. Há os direitos, como a liberdade de casamento
e o voto, mas também obrigações, como impostos,
e responsabilidades sociais. Neste dia também faz-se uma
visita ao templo xintoísta de cada região para agradecer
e comunicar o fato de ter se chegado a essa idade sem nenhum problema.
História
Desde
a Antigüidade, havia atividade equivalente à seijinshiki.
A idade de 20 anos como sendo a maioridade ficou assim definida
desde o Período Meiji, a partir do alistamento ao serviço
militar.
Mulheres vestem furisode, quimono com mangas longas, usado
somente por solteiras
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Entre
os nobres da Antigüidade, havia uma cerimônia chamada
uikooburi no gi ou kakan no gi (ver foto da comemoração
da maioridade do príncipe Hironomiya Naruhito, em 1980)
na qual a pessoa era coroada pela primeira vez. Entre os samurais
havia a cerimônia de genpukushiki, em que se tirava a franja
e passava, então, a se vestir como adulto, com montsuki
hakama. Também era usual realizar o nakaê ,ou seja,
a troca de nome infantil por um nome de adulto. Por exemplo, o
patriarca do governo feudal de Tokugawa chamava-se Takechiyo na
infância e posteriormente passou a chamar-se Motoyasu.
Ao
completar a maioridade, as mulheres também cortavam a franja
e passavam a usar o penteado com os cabelos puxados para cima
como uma mulher adulta. Essas cerimônias eram geralmente
realizadas com jovens entre 14 e 18 anos. Os agricultores e comerciantes
também passavam a usar roupas de trabalho próprios
de adultos, usar fundoshi (espécie de roupa íntima)
e tinham a permissão de carregar porta-cigarros. As mulheres
passavam a usar koshimaki (roupa íntima) vermelha, participavam
do plantio de arroz, tingiam os dentes de preto, entre outras
coisas. Segundo dizem, para ser considerado um adulto teria que
carregar 60 quilos de lenha nas costas e andar 12 quilômetros,
após o que deveria vender toda essa lenha antes de retornar.
Para a mulher a carga da lenha era a metade disso.
Para
a festa da maioridade, muitas mulheres confeccionam um novo quimono.
Chama-se furisode, um tipo de quimono cujas mangas são
especialmente longas e que era usado somente por mulheres solteiras.
Balançar a manga do furisode era um meio de declarar amor
ao homem amado.
Antigamente
casava-se cedo. Segundo Database da população
da família Tokugawa, uma pesquisa realizada pela
equipe do professor Sakomizu Tooru, as idades para casamento eram,
na região nordeste, entre 19 e 20 anos para os homens e
14 e 15 anos para as mulheres; e na região oeste, entre
27 e 30 anos para homens e 21 e 24 anos para as mulheres. A percentagem
de casados também era grande e um relevante número
de casais separava-se nos 3 ou 5 anos iniciais do casamento, partindo
para um segundo matrimônio, sendo comparável aos
atuais Estados Unidos. Tem-se também a imagem de que tinham
muitos filhos, mas o índice de mortalidade era grande e
em média somente 2 filhos por cada casal atingiam a maioridade,
o que aproxima das estatísticas atuais.
Os
jovens de hoje
Momento de festa e de conscientização dos jovens de seu
papel como adultos
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Em
qualquer época, os adultos sempre reclamaram que os
jovens de hoje não sabem se portar com educação,
o que invariavelmente tem acontecido. Cabelos tingidos e telefones
celulares para todos os cantos, conversas paralelas em situações
que exigem silêncio são exemplos. De qualquer forma,
quem irá sustentar o futuro e a cultura mundial são
os jovens. Tenhamos boas expectativas nos atos e idéias
inovadoras que eles possuem.
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