Como já é conhecido, na China, Coréia,
Vietnã ou Tailândia, a ordem adotada é primeiro
o sobrenome e depois o nome, como por exemplo Mao Zedong ou
Kin Dae-Joong. Dentre os países asiáticos somente
Japão adotou o estilo ocidental, colocando o sobrenome
por último.
Por
que os japoneses imitam o ocidente e agem assim? Dizem que é
porque a maioria dos japoneses possui sobrenome por um tempo
historicamente curto. Em ano 3 da Era Meiji (1870), foi permitido
a todos os japoneses possuírem um sobrenome para organizar
os registros civis. Entretanto, a população temia
que isso resultasse em mais cobranças de taxas e poucos
apresentaram-se às entidades governamentais. Os monges,
por sua vez, não seguiram as ordens sob pretexto de que
haviam deixado seus lares e optado pela vida monástica.
Por causa disso, em 1875 tornou-se obrigatório para todos.
Sobrenome
como sinal de status
Até
então, a era de feudalismo permitia o privilégio
do sobrenome somente a determinadas classes sociais, como nobres
e samurais, e dentre os agricultores somente os que possuíam
algum status, como monges, médicos ou os chamados lavradores
ricos, possuidores de grandes patrimônios. A fim de demonstrar
aos países estrangeiros a abolição do sistema
hierárquico social (havia um sistema de hierarquia social
na ordem: samurais, agricultores, artesãos e comerciantes)
e também pela necessidade de implementar o sistema de
recrutamento obrigatório, buscando ser um país
rico e militarmente forte, o governo de Meiji precisou dar a
todos um sobrenome. A palavra Myoji (sobrenome) compõe-se
de myo (muda) desejando que as famílias se multipliquem
através de seus descendentes, assim como as mudas de
arroz se dividem e se multiplicam.
Como
surgiam os sobrenomes
Ao
escolher um sobrenome, os menos instruídos solicitavam
ajuda aos ex-samurais, monges e administradores de vilas. Há
um fato raro e interessante: em uma certa vila, foram utilizados
como sobrenomes os nomes de localidades, montanhas e rios, e
foram aproveitadas também partes dos nomes dos samurais
e daimiôs. Como ainda não fora suficiente, utilizaram
até nomes de chás, como Aoyagi ou Uji. Dizem que
houve funcionários do governo que, em represália
aos que se negavam a aceitar o sobrenome, obrigaram-os a ficar
com sobrenomes ridículos, como Koshimaki (peça
íntima). Entre os sobrenomes mais estranhos estão:
Furô (banho de imersão), Azuki (feijão típico
japonês usado em doces), Tofu (queijo de soja) e Su (vinagre),
mas quase todos já foram substituídos após
a guerra.
Diferente
da China, no Japão, ao se casar, mulheres adotam o sobrenome
do marido e seu nome passa a constar do koseki (registro civil)
dele. Atualmente, está em discussão a legalização
da utilização de sobrenomes diferentes pelo casal,
mas essa questão ainda é uma polêmica. Entretanto,
observando a história, entre o Período Kamakura
e Meiji, era comum entre os samurais que o casal tivesse, além
de sobrenomes diferentes, seus bens e túmulos separados.
História
A
história do sobrenome iniciou-se com a atribuição
deles à Família Imperial e seus descendentes pelos
Deuses da mitologia japonesa. Também o governo imperial
e feudal atribuíam nomes às famílias. Havia
casos de atribuição de sobrenomes como uma forma
de honrar os feitos dos militares na guerra. Havia também
sobrenomes adquiridos pelo desbravamento de novas terras, recebendo
o nome da própria terra, nomes dados aos ocupantes de
cargos públicos e herdeiros de determinados títulos.
Por fim, surgiram os novos sobrenomes atribuídos para
a organização dos registros civis no início
da Era Edo.
Japão
é o país que mais tem sobrenomes diferentes
Na
China, para os seus 1,100 bilhão de habitantes há
cerca de dez mil sobrenomes. No Japão, para uma população
de 120 milhões de habitantes o número de sobrenomes
é superior a 100 mil, sendo o primeiro do mundo. A vizinha
Coréia possui apenas 274 diferentes sobrenomes, dentre
os quais, Kin, Lee e Paku representam 45% da população.
Entre sobrenomes de portugueses dizem que são comuns
nomes de árvores. Nos Estados Unidos, os três sobrenomes
mais numerosos são: Smith, Miller e Taylor. Os dez sobrenomes
mais comuns entre japoneses, segundo a pesquisa realizada em
1994, foram: Sato, Suzuki, Takahashi, Tanaka, Watanabe, Ito,
Nakamura, Kobayashi, Yamamoto e Kato. E no Brasil, quais serão?
Os
membros da família imperial japonesa não possuem
sobrenome. O nome do atual Imperador é apenas registrado
como Akihito. Isto porque os próprios imperadores é
que atribuíam sobrenomes.