É surpreendente o fato de ter sido encontrada nas ruínas
de uma região da Suméria relíquia que data
de 2200 anos a.C., com o mesmo formato dos atuais vasos sanitários.
No Japão, também foram encontradas semelhantes
peças nas escavações dos palácios
do Período Nara. No Período Heian, os nobres possuíam
um compartimento chamado de kawaya dentro de suas casas, onde
faziam suas necessidades nos chamados kawayabako (de formato
retangular e com tampo) e posteriormente os serviçais
jogavam os dejetos nas matas próximas.
Na
China utilizavam vasos de porcelana com tampo, e conta-se que
por serem laqueados e muito decorativos, houve um soldado japonês
que o trouxe ao retornar da guerra sino-japonesa para utilizá-lo
como vaso de flores. A população fazia suas necessidades
em fossas abertas nos terrenos baldios ou nos rios.
Comércio
de dejetos
No
Período Kamakura, a agricultura se desenvolve, iniciando-se
a prática de duas colheitas anuais com plantio de dois
produtos diferentes no mesmo terreno. O esterco humano passou
a ser valorizado como fertilizante e houve quem o comprasse
junto às casas nas cidades ou trocasse com verduras produzidas.
Consta nos apontamentos do jesuíta português Frois,
que estivera no Japão no início do século
16, que em cada esquina da cidade de Quioto havia uma tina chamada
de tsujibenjo ou sanitário de esquina, onde
se acumulavam urina para mais tarde vendê-la aos agricultores.
Complementa dizendo que a cidade de Quioto é higiênica.
Já
em Edo (atual Tóquio) não havia sistema como esse,
as pessoas faziam suas necessidades em vias públicas,
ocasionando malcheiro e sujeira por toda parte. Sabe-se que
em Palácio de Versalhes, na França, não
havia banheiros. Dizem que o hábito de utilizar perfumes
originou-se da necessidade de camuflar os odores decorrentes
disso.
Sanitários
vão para o interior das casas
Posteriormente,
os sanitários foram instalados em cada casa ou em cada
conjunto de moradias ao longo de um beco, sendo chamados de
gofujoo (lugar impuro), setchin (lugar ao norte onde se fazem
necessidades às escondidas) e benjo (lugar conveniente
para se fazer necessidades). Atualmente, são chamados
de toirê (toilet) ou otearai (lavatório).
Falta
de infra-estrutura
Iniciado
o Período Meiji, com o aumento da população,
não era mais possível direcionar todo o volume
de excrementos para a agricultura, passando a jogá-los
nas matas e nos mares. Isto se deveu à falta de infra-estrutura
sanitária dos 20 anos posteriores a 1950 e à comercialização
de um fertilizante químico de baixo custo nesse período.
Banheiros
modernos
Banheiro moderno: vários botões de controle
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Atualmente,
estão difundidos os sistemas de coletagem de fossas por
meio de caminhões-tanques e também o sistema de
descargas. Os vasos sanitários mais modernos possuem
vários botões de controle, havendo até
dispositivos que eliminam sons durante o uso dos mesmos.
O
uso do papel higiênico
Segundo
Nishioka Hideo, estudioso da geografia humana e também
presidente da Sociedade Sanitária Japonesa, a quantidade
de papel higiênico utilizada pelos japoneses é
em média de 3,5m diários para os homens e 12,5m
diários para as mulheres. Segundo Hideo, é um
uso excessivo que afeta a preservação das matas
na Terra, pois a quantidade permite dar cerca de 20 voltas em
torno do globo terrestre diariamente. Somente um terço
da população mundial utiliza papel no banheiro.
Os demais utilizam água, areia, cascalho, pedaços
de madeira, folhas e cascas de árvores. No Período
Heian, quando os custos do papel eram elevados, mesmo os nobres
utilizavam folhas de ruibarbo (erva medicinal) dois ou três
dias após colhê-las. No período pós-guerra,
a falta de papel fez com que utilizasse jornais. São
fatos que parecem muito distantes, vistos do mundo de hoje em
que tudo é descartável.
Superstição
Dizem
que nas províncias como Gunma ou Saitama, praticava-se
Setchin mairi, em que as parteiras carregando bebês recém-nascidos
com 3 a 7 dias de vida visitavam os banheiros de três
casas da vizinhança e também o da própria
casa. O objetivo era de saudar a divindade dos banheiros desejando
para a criança saúde e evacuação
fácil.