Fotos: Divulgação
/ Arquivo NB
No
Monte Osore, localizado no município de Mutsu, província
de Aomori (Península de Shimokita), é realizado
anualmente, entre 20 e 24 de julho, um festival para cultuar
as almas dos mortos, reunindo mais de 30 mil pessoas entre turistas
e peregrinos de todo o país. Explica-se que, orando a
jizo (santo protetor) durante esse período, os mortos
serão salvos do sofrimento.
A
origem do Monte Osore
O
Monte Osore é um dos três grandes locais sagrados
do Japão, juntamente com o Monte Hiei, em Quioto, e Monte
Takano, em Wakayama, tendo sido desbravado pelo grande monge
Jikaku no ano 862. Durante sua ascese em Tang, o monge Jikaku
recebeu uma mensagem divina que dizia: Volte ao seu país
e procure uma montanha sagrada a distância de 30 dias
de jornada na direção leste. Esculpa aí
uma imagem de jizo e divulgue os ensinamentos do budismo nessa
terra. O monge Jikaku voltou, então, ao Japão
e procurou por várias regiões até que encontrou
um local exatamente como havia sido revelado no seu sonho. Era
o Monte Osore.
O
motivo pelo qual o monte passou a ter esse nome temos duas versões:
a de que durante sua ascese nas montanhas próximas o
monge Jikaku foi orientado por um pato dágua que
o conduziu até o lago, o qual o monge chamou de Lago
Usori. Assim, o monte passou a ser chamado de monte Usori, sendo
com o tempo modificado para monte Osore. Outra versão
é a de que fora adotado o nome usshoro (baía)
ou ainda usatsuoronoburi (monte onde chovem cinzas), ambos do
dialeto ainu.
Apesar
de se chamar Monte Osore, não se trata exatamente de
uma montanha, mas de um lago formado na cratera de um antigo
vulcão e cercado por enormes montes que o circundam.
É um local que até parece cenário de inferno,
envolto em cheiro de gás de ácido sulfuroso como
ocorre em Beppu e Izu. Sua aparência é a de um
outro mundo, isolado e medonho, onde não cresce uma vegetação
sequer. As pessoas devem ter imaginado nesse local o temido
inferno.
As
imagens de jizo estão espalhadas em todo o Monte Osore.
Jizo é um importante santo que orientou e conduziu a
humanidade neste mundo terreno desde a morte do Sakyamuni (Buda)
até o surgimento de Mirokubosatsu (bodhisattva Maitreya).
É especialmente tido como o santo protetor das crianças
neste mundo terreno e no mundo pós-morte.
Imagens de Jizo, o santo protetor, ficam espalhadas pelo Monte
Osore
Vozes
do além
Assim
como no Brasil existem os espíritas que conduzem a este
mundo os espíritos dos falecidos, há no Japão
as chamadas de Itako na região nordeste e Kuchiyose na
região Kanto. Dizem também ter relação
com Yuta de Okinawa. Estas mulheres, deficientes visuais, entoam
frases com poderes de evocar o espírito divino, entram
em transe, aguardam a incorporação pelo espírito
divino, baixam o espírito da pessoa morta, conversam
com ele e comunicam-nos o estado em que se encontram os espíritos
das pessoas falecidas. Normalmente viviam pelo interior da província
de Aomori, mas a partir da década de 60, nesta época
e no festival de outono reúnem-se no local. A idade média
delas é de 60 anos e quase não há sucessoras,
tendo atualmente cerca de 16 pessoas apenas. Além delas,
dentre as kuchiyose há as que evocam espíritos
prejudiciais dos vivos e as que recebem do espírito divino
a indicação sobre a sorte da pessoa.