Fotos: Divulgação
/ Arquivo NB
Dia 23 de Novembro é Dia Internacional do Livro. Aqui
no Brasil a data também é lembrada com a realização
de eventos regionais como Bienal do Livro, no empenho
das editoras em conquistar leitores. Mas o fato de termos à
nossa disposição este imenso número de
livros é graças à arte da impressão.
Cento e quarenta anos após Gutemberg ter inventado a
impressão, a técnica ocidental chegou ao Japão.
Curiosamente, na mesma época chegou da Coréia
a técnica oriental de impressão calcografada.
Por
que eram necessários os livros impressos?
Os
primeiros livros surgiram no Japão por iniciativa dos
catequizadores que pretendiam difundir o cristianismo
no Oriente.
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Alexandro
Valignano, que cumpriu um papel fundamental na introdução
da máquina impressora ocidental no Japão, havia
contactado o Vaticano sobre a necessidade de uma máquina
impressora para ser usada em prol dos fiéis japoneses.
Transcrever livros em idioma japonês, dicionários,
catequismos, e demais materiais necessários para o aprendizado
do idioma japonês pelos membros da Companhia de Jesus
exigia muito tempo e com o trabalho penoso, corria risco de
se contrair tuberculose.
Quamdo
a Delegação Tensho de visita a Ocidente
retornou em 1590 após 7 anos, trouxe junto a máquina
tipográfica. Imediatamente após a sua chegada,
o trabalho de impressão se inicia. Isto ocorreu 40 anos
após a divulgação do cristianismo. Os tipos
em idioma japonês também foram confeccionados por
seminaristas japoneses. O material utilizado foi o papel japonês
e a tinta ocidental. Os primeiros livros a serem produzidos
foram o: Dotirina Kirishitan(Doctrina Christiana
fata a modo di dialogi fra il) e Batizumo no sazukeyoo
(Doutrina de Sacramentos do Batismo e Confissão), que
foram enviados ao arcebispo de Portugal. Após 400 anos
de tempo decorrido, o primeiro livro encontra-se no Toyo bunko
(Biblioteca do oriente) e o segundo na Biblioteca da Universidade
de Tenri. São livros-relíquias, dos quais só
se tem um exemplar de cada no mundo. Em todo o mundo existem
31 tipos de Kirishitanban (edições
cristãs), num total de apenas 73 exemplares.
Quais tipos de livros foram impressos?
Segundo definição do professor Tominaga Makita,
eminente estudioso das edições cristãs,
os chamados Kirishitanban (edições
cristãs) se referem aos livros impressos no Japão,
principalmente em Kyushu, por um período de aproximadamente
20 anos a partir de 1591, utilizando máquinas tipográficas
ocidentais importadas ou fabricadas diretamente pela Companhia
de Jesus do Japão.
São
divididas em:
1 - Kokujibon (livros em caracteres japoneses) : São
os escritos em ideogramas japoneses mesclados com fonogramas
ou em fonogramas hiragana e katakana. Além de assuntos
religiosos, há o Rakuyooshuu(Dicionário
de ideogramas em kanji e kana mesclados), Wakan Rooeishuu
(coletânea de material do Japão e da China para
recitação) Taiheiki Bassui (Escritura
da História do Japão), etc.
2
- Roomajibon (livros em outro idioma) : Livros em idioma
ocidental (Latim, Português, etc), especialmente livros
didáticos do Latim, Livros Doutrinários, bem
como livros didáticos de aprendizado de idiomas como
Gramáticas e Dicionários.
3
- Kokubunsho (livros em idioma japonês escritos
em alfabeto): Doutrinas, Heike monogatari(história
do Japão: registros de batalhas), Contos de Aisopos,
Kinkushuu (coletânea de 282 máximas
selecionadas dos ensinamentos do Confúcio), e outros.
Especialmente o Nippo jiten(Dicionário Japonês-Português),
edição Nagasaki do ano 1603 foi concluído
por um padre, com a ajuda de vários japoneses, após
quatro anos de trabalho, num total de 408 páginas. Dizem
que é o único material que mostra como falavam
os daimiôs (senhores feudais) e os populares da época.
Também a Nihon bunten (Gramática japonesa),
edição Nagasaki, de 1604, traz explicações
sobre a Gramática japonesa, pelo padre João Rodrigues.
Possui um alto valor, sendo o primeiro livro de gramática
da língua japonesa apresentada no ocidente.