Fotos: Divulgação
/ Arquivo NB
Uma das atividades sazonais do final de ano é a feira
de hagoita (raquete típica), que é realizada anualmente
entre os dias 17 a 19 de dezembro no Templo Sensooji, em Asakusa,
Tóquio. Hoje não há mais meninas que brinquem
no ano novo de hanetsuki (jogo de rebater petecas com raquetes).
No entanto, as belas raquetes são indispensáveis
como adornos do ano novo.
O significado
Da palavra hagoita, hago significa libélula. No
Japão, país originariamente agrícola, as
libélulas eram insetos importantes para a lavoura, pois
elas se alimentam de moscas e pernilongos que são pragas
causadoras de doenças nas plantações de
arroz. Segundo dizem, oravam pelo crescimento do arrozal batendo
petecas que eram parecidas com a libélula. As petecas
utilizadas para brincar de hagoita são chamadas de mukuroji,
que significa sem doenças para os filhos.
Portanto, tinha também o significado de proteção
contra os males e doenças para que as crianças
crescessem com saúde, sem adoecerem.
A história
Essa atividade chegou da China e foi praticada como competição
nos palácios no século 16, constando nos registros
que o time perdedor pagava saquê ao time vencedor. Nos
meados do século 17, durante o Período Edo, passou
a ser acessível à população, que
dava as raquetes de presente às meninas no ano novo para
que elas rebatessemas doenças, tal qual se
rebatem petecas. Especialmente meninas nascidas naquele ano
eram presenteadas.
O desenho
No início do Período Edo, os hagoita eram
ilustrados com motivos que traziam sorte, como o pinheiro, bambu
e ameixeira, ou grou e tartaruga, ou ainda com os Sete Deuses
da felicidade, diretamente desenhados com tinta-da-China sobre
a tábua de paulóvnia (madeira utilizada para fabricar
hagoita) . Aos poucos, passou-se a decorar com papéis
coloridos ou tecidos, chegando ao modelo mais comum na atualidade
no qual é usada a técnica de oshiê (técnica
de fazer a ilustração em alto relevo, introduzindo
algodão dentro do tecido). Entre o final do Período
Edo ao Período Meiji, devido ao auge da arte de Kabuki,
passaram a ser muito procurados os hagoita que traziam estampados
os rostos dos atores famosos. Ultimamente, é comum a
estampa de personalidades esportivas e políticas que
se destacaram durante o ano.
Seu
tamanho é variável, desde os mini-hagoita de 10
cm até os gigantes com mais de 1m. Os preços também
variam entre 1 mil ienes até centenas de milhares de
ienes. Os mais vendidos estão entre 10 a 20 mil ienes.
Ultimamente, dizem que para ganhar maior competitividade nos
preços, surgiram os hagoita prensados, que
são raquetes com preços mais em conta, feitas
com a tábua coberta com plásticos ou papelões
prensados para dar relevo, imitando oshiê, enfeitados
com brocados de ouro e tecidos.
Feira de Hagoita
O final de ano sempre foi um período em que eram
realizadas feiras em todas as cidades a fim de que as pessoas
pudessem adquirir ítens necessários para o ano
novo ou utilidades para o cotidiano. A feira de Asakusa é
a mais antiga, datando de 1659. Dizem que a feira se tornou
especialmente procurada por coincidir com a data da festa de
guarda da Deusa da Misericórdia.
Durante
a Segunda Guerra Mundial, os artesãos de oshiê
se refugiaram para o município de Kasukabe, na província
de Saitama. Isto se deveu ao fato de que ali ficava a terra
produtora de paulóvnia. Atualmente é exposto um
grande número de hagoita produzidos nesta região.
Cerca de 50 barracas se enfileiram expondo suas mercadorias
e a cada hagoita vendido ouve-se as sonoras kashiwadê
(batidas de palmas ao juntá-las para rezar) dos vendedores.
A feira é anualmente freqüentada por cerca de 300
mil visitantes.