Fotos: Divulgação
/ Arquivo NB
Quando chega o mês de fevereiro, flores de ameixeira que
se abrem de uma só vez exalando um delicioso perfume
e o canto do rouxinol são acontecimentos que marcam esta
estação do ano. Em haikai, ume (ameixeira) simboliza
a primavera e uguisu (rouxinol) o verão. Dizem também
que entre estes dois elementos não há relação
de simbiose.
Em
Hanafuda, um jogo que foi muito praticado no período
Edo, também figuram na ilustração do mês
de fevereiro a ameixeira e o rouxinol. Mesmo nos jogos, podemos
observar conjuntos ou pares da natureza como ameixeira
e rouxinol, lua cheia e susuki (espécie de
gramínea) ou pinheiro e grou.
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A
HISTÓRIA DE KARUTA
Considera-se
que o karuta (baralho) japonês provém de duas correntes
originais. A primeira corrente seria a de kaiooi (jogo de juntar
duas conchas que tenham o mesmo desenho ou o mesmo poema) praticado
no palácio do período Heian e utaawase (jogo de
juntar poemas). A outra corrente seria a das cartas retangulares
(versão primitiva dos baralhos ocidentais de hoje) trazidas
pelos portugueses nos meados do século 16. A primeira tratava-se
de um jogo praticado por princesas e pessoas nobres, e a segunda,
por ser leve e de fácil transporte, dizem que foi muito
utilizada pela classe dos guerreiros como forma de entretenimento
nas frentes de batalhas. Também no Período Edo difunde-se
entre os populares o kacho awase karuta (cartas para
juntar figuras de flores e pássaros), o kokinshuu
eiri karuta(cartas ilustradas de kokinshu - coletânea
de poemas elaborada no século 10 a mando do imperador),
entre outros.
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A
HISTÓRIA DE HANAFUDA
Este
tipo de cartas são chamadas de hanafuda (cartas de flores)
porque as cartas são ilustradas com 12 espécies
de plantas desde janeiro até dezembro. São plantas
representativas do Japão como pinheiro, ameixeira, cerejeira,
glicínia, íris, peônia, hagi (lespedeza bicolor),
susuki (miscanthus sinensis), crisântemo, folhas coloridas
de outono, salgueiro e paulóvnia. Os animais que combinam
com elas são: grou, rouxinol, hototogisu (cuculus poliocephalus),
borboleta, javali, ganso selvagem, cervo, andorinha e fênix
(pássaro imaginário da antiga China, que traz sorte).
São quatro cartas da mesma espécie num total de
48 cartas, sendo a pontuação diferente conforme
a carta. O jogo é praticado por 3 ou 4 participantes, que
determinam quem vai ser o pai, e este coloca no campo
6 cartas com lado direito para cima e distribui para cada participante
7 cartas. O restante das cartas é deixado num único
monte. Na seqüência, vai-se formando conjuntos de cartas
colocadas no campo com as que tem em mãos, até que
acabem as cartas do campo. Então, passa a pegar as cartas
do monte reservado e o jogo termina quando se esgotarem as cartas
do monte. Ganham mais pontos aqueles que conseguiram juntar mais
cartas do mesmo mês ou que ficarem com maior número
de cartas. O jogo é parecido com Twenty-one poker.
Entretanto,
por ser um jogo que depende de sorte e que portanto oferece a
excitação do risco de perda, o hanafuda foi muito
utilizado para apostas e jogos de azar. Devido a isso, logo em
1597 já ficou proibido por lei. Dizem também que
entre 1830 a 1844 houve períodos em que a venda de hanafuda
ficou proibido. Dizem inclusive que o Kokinshu karuta,
também considerada a forma anterior de hanafuda, continham
poemas para disfarçar o seu uso para fins de apostas e
jogos de azar. Parece que havia vários jeitinhos
de se livrar dos olhos dos fiscais. Mesmo atualmente, a venda
de karuta é tributada.
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